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174 Drogas no Brasil – Entre a saúde e a justiçade distinção e seletividade que se baseiam por princípio hierárquicos própriosda configuração da sociedade brasileira, qual seja: desigualdade e exclusão.Por conseguinte, se partimos da perspectiva de que qualquer assunto queadquira visibilidade midiática passou por um recorte de determinada realidadee por isso representa uma definição parcial da mesma, desconsideramos quea notícia que se produz está também respaldada em um discurso social maisamplo, pois orienta-se pelo senso comum de parcela significativa da sociedade.Isso significa dizer que o discurso punitivo e repressivo encontra apoio e reverberaçãoem amplos segmentos da sociedade brasileira, marcada por distinçõeshierárquicas e tratamentos seletivos, próprios da sociedade brasileira desiguale excludente.Ademais, a grande imprensa atua no sentido de conferir importância ao“problema do crack” e a prescrever, dada sua capacidade de direcionar os posicionamentose ações das autoridades públicas, o modo como esse problemadeve ser definido, percebido e encarado. Nesse sentido, além de difundirdeterminada visão da realidade, também contribuiu de forma decisiva pararecriar uma forma específica da realidade. E, nesse sentido, ela cumpre seupapel político.A forma como a droga é retratada pela mídia, portanto, não é descoladadas representações sociais mais amplas da sociedade brasileira. Em processo deretroalimentação, por vezes, vemos um ciclo difícil de ser rompido para que apluralidade de visões e discursos possam emergir nesses veículos.As mudanças com advento da internet é um caminho que tenderá a crescere, certamente, adicionará novas tensões nesse campo de disputas. O surgimentode novos espaços amplifica o número de vozes e, consequentemente,relativiza as visões sobre a realidade. E, em conformidade com esse argumento,é necessário que tanto a cobertura presente nos meios tradicionais de comunicaçãoquanto nos novos canais e espaços de transmissão e troca de informação,passem a compreender a dimensão do ator e da ação. A perspectiva dominante,presente na imprensa, define os agentes que ameaçam a ordem pública pelas característicasjurídicos formais de suas atividades, como criminosos ou viciado--doentes. Em consequência, as condutas em questão passam a ser compreendidasem termos das próprias regras violadas, sejam regras sociais ou legais, e nãoem termos dos sentidos construídos pelos agentes para suas práticas.

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