10.07.2015 Views

3rslkEbYP

3rslkEbYP

3rslkEbYP

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

148 Drogas no Brasil – Entre a saúde e a justiçaDe forma resumida, pode-se dizer que a “teoria da epidemia”, sustentadapor M. Nahas 2 , considera que o uso de drogas deve ser proibido por comparara “toxicomania” a uma doença contagiosa, que se propaga rapidamente. Já a“teoria da escalada” 3 , elaborada nos anos 1930 nos EUA e depois resgatadapelos proibicionistas nos anos 1960 do século XX, defende que as drogas leves,como a maconha, conduziriam diretamente às drogas pesadas, apontandopara a existência de uma hierarquia entre drogas pesadas e leves.Contudo, como a teoria da epidemia, além de lhe faltar base empírica,não consegue explicar as diferenças entre o uso de álcool e do tabaco (drogaslícitas) do uso de maconha, ilícita, os proibicionistas vieram com a ideia daescalada, afirmando que as drogas leves deveriam ser proibidas por servirem deescada ao uso de drogas pesadas. Essa hipótese ainda é bastante citada, inclusiveno Brasil, por alguns arautos do proibicionismo, em resposta às pesquisasque afirmam ser a cannabis menos prejudicial à saúde do que o álcool ou otabaco, no que se refere à dependência e ao seu efeito tóxico no organismo,como recentemente provou David Nutt (2007).Porém, além de nunca ter sido comprovada empiricamente, a tal “escalada”foi desacreditada pelas estatísticas por ser claramente fantasiosa. Por maisdifícil que seja esse tipo de pesquisa comparativa para saber se drogas levescomo a maconha levariam ao consumo de drogas pesadas como a heroína, aestimativa citada por Caballero é a de que o número de usuários de maconhaque passou a usar heroína não superaria 5%, estatística, o que, por si só, já desacreditaa “escalada” dos outros 95%. Nesse sentido, argumentam Caballeroe Bisiou (2000), com precisão, que:em todo caso, é impossível se encontrar uma relação de causalidade entre o fatode consumir maconha e o de se picar com heroína. Tampouco existirá senão uma2NAHAS, M. Toxicomanie. Paris: Masson, 1988, p. 101 et seq., apud CABALLERO, Francis;BISIOU, Yann. Droit de la drogue (2000) Paris: Dalloz, p. 100.3Também conhecida como “stepping stone hyphotesis”, elaborada pelos autores ROWELL,On the trail of marijuana: the weed of madness. California: Pacific Press, 1939; MERRILL,Marihuana: the new dangerous drug. Opium Research Committee, 1938; WALTON, Marihuana:America new problem. Philadelphia: Lippincott, 1938 apud CABALLERO, Francis;BISIOU, Yann (2000). Droit de la drogue. Op. cit., p. 101. Um boletim elaborado peloBureau of Narcotics, em 1965, teria reeditado essa teoria, em um relatório intitulado Livingdeath: True about drug addiction.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!