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Opinião pública, política de drogas e repressão penal: uma visão crítica 153comércio das drogas ilícitas. Não obstante, como aponta a pesquisa, “a opiniãoda maioria dos participantes dos grupos que estão envolvidos com os usuáriosseja [é] contra a liberação”, por entenderem que, se as drogas fossem permitidas,aumentaria o consumo (67% dos entrevistados), a violência, a corrupção e aforça dos grupos que se dedicam ao tráfico (p. 309). Apesar da falta de qualquerevidência concreta para essa conclusão, não é de se admirar que pessoas que, emsua maioria, se informem sobre o tema pela televisão pensem dessa maneira eatribuam ao “Estado” a decisão sobre eventual “legalização do consumo” (47%)(p. 301), bem como que apenas 4% dos entrevistados considerem que o usuáriodeveria ser autorizado a consumir drogas ilícitas (p. 300). O fato é que temosuma opinião pública mal informada, que se deixa influenciar pela mídia (e nãopela escola) e não tem acesso a fontes fidedignas de informação, o que faz comque se fortaleça a manutenção do modelo repressivo atual de controle de drogaso qual se baseia na ignorância e do medo para manter.De qualquer sorte, o melhor exemplo dessa desinformação que legitimacampanhas repressivas é o fenômeno do crack. No Brasil atualmente, assimcomo ocorreu nos EUA na década de 1990 10 , o pânico moral em relação aosusuários de crack e o aumento da percepção social do uso dessa substânciaé marcante, assim como a ausência de evidências concretas de sua ocorrêncianos patamares noticiados pela mídia. Em termos concretos, a pesquisa deopinião aqui analisada aponta que, dos 47% dos entrevistados que disseramjá ter tido contato com alguma droga ilícita (p. 286), apenas 2% declararamjá ter consumido crack (p. 287), contudo, tal droga é a mais “conhecida” pelamaioria (55%), mais até do que a maconha (53%) e a cocaína (50%) (p. 292 ep. 293). Ao serem perguntados sobre qual seria a droga mais consumida, 32%responderam que seria o crack (p. 292 e p. 294). Nos grupos focais, afirma-se:“o crack está fora de controle”, alegam que seria uma “epidemia”, pois é issoque a televisão conta (p. 295 e p. 296).Os especialistas no tema, no entanto, não consideram que haja uma epidemia,apontando para a responsabilidade da mídia na ampliação da visibilidadedessa substância. Segundo Nappo, Sanchez e Ribeiro (2012), “o governo fe-10Sobre o fenômeno do crack nos EUA recomenda-se a leitura de: REINARMAN, Craig,LEVINE, Harry G. (1997). Crack in America: demon drugs and social justice. Berkeley/LosAngeles: University of California Press.

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