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Problematizando a “epidemia do crack” e a exploração do punitivismo 167O traficante inimigo públicoA produção de uma representação punitiva sobre às drogas deve-se em parteà configuração do traficante de drogas como figura que personifica e, consequentemente,é responsável pelo problema da violência no país. E, nesse sentido,vale ressaltar que o Rio de Janeiro, na dinâmica socioespacial e simbólica,assume o arquétipo central para a construção do imaginário social da violênciano Brasil (Misse, 2006).Conforme apontam Zaluar (1994) e Misse (2006), a partir da entradada cocaína nas bocas-de-fumo carioca produziu-se uma nova necessidade deorganização e estruturação dos pontos de oferta, por meio da territorializaçãodestas bocas por grupos que disputam os pontos do comércio varejo dedrogas carioca utilizando práticas violentas que culminou no início de umanova fase da criminalidade urbana carioca, representada pela figura difusado “traficante”.Dadas as transformações, os meios de comunicação carioca reproduziram aexaustão cenas “dos confrontos entre quadrilhas para o domínio territorial dospontos de venda” de drogas (Silva, 1998, p. 39). A frequência destas notíciasamplificou uma situação localizada e específica do Rio de Janeiro em territórionacional, projetando um clima de insegurança e de violência sem controle a partirda experiência carioca. Essas mudanças qualitativas na estrutura das práticascriminosas, associadas a uma disseminação maciça dos conflitos na cidade pelamídia, instituíram um estado de insegurança que tornou a cidade do Rio deJaneiro uma espécie “de representante ideal dos males associados da violência”(Silva, 2010, p. 33). O Rio torna-se a partir do final dos anos 1980 a personificaçãoda violência, projetadas nacionalmente pelos meios de comunicação, comespecial destaque pelos principais telejornais de rede nacional no país.O principal ponto de inflexão na associação entre criminalidade e banditismose refere ao desenvolvimento do chamado “movimento”, cujas atividadescentrais residem no mercado ilícito de drogas a varejo e de bens roubados.Nesse sentido, o suposto aumento da violência propalado pela imprensa cariocaestaria relacionado ao “crescimento e adensamento das classes perigosas(...) e da impunidade dos bandidos, que permitiu o alastramento do tráfico dedrogas” (Misse, 1999, p. 72-73).

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