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Política de Drogas no Brasil: usos e abusos 137intervenção ostensiva da polícia nas cracolândias ocorre apenas nos locais queatendem aos interesses do capital imobiliário.As consciências reificadas pela sociabilidade do capital tomam as tragédiaspessoais e familiares decorrentes do uso dependente dos psicoativos ilícitos eda violência associada ao tráfico como a realidade em si e não como expressãoparticular de uma totalidade que se explica por determinações econômicas epolíticas que ultrapassam os indivíduos sociais. Assim concebida, a vida comoela é, aparece como algo impossível de mudança, como natural e absoluta,tornando-nos reféns das respostas truculentas do Estado, responsável por restabelecera ordem, proteger a juventude e as famílias e normalizar a vida paraque sua natureza mercantil possa se reproduzir sem qualquer obstáculo.No entanto, como o consenso não pode sobreviver apenas com o uso daforça, é preciso também oferecer uma resposta em saúde. Em nome da saúdee da segurança, jovens e adultos têm sido submetidos ao encarceramento eminstituições de tratamento 35 , prática já condenada pelo Ministério Público,por conselhos profissionais, pela Frente Nacional de Drogas e Direitos Humanose outras entidades de defesa dos Direitos Humanos. Nesse aspecto, aideologia do proibicionismo joga um peso diferenciado, na medida em quetodos os que se opõem às internações involuntárias ou compulsórias passam aser taxados de irresponsáveis, seja pela opinião pública, pelos conservadores deplantão, ou por profissionais da saúde que, no cotidiano profissional, se sentemimpotentes ante as tragédias dos usuários e familiares, já que tal medida étomada no plano imediato como proteção à vida.Cria-se um imaginário social que toma como idealistas e irresponsáveisaqueles que denunciam a violência do proibicionismo, da internação involuntáriaou compulsória e questionam suas eficácias, e como qualificados eresolutivos os que agem e que tentam salvar vidas.Como o proibicionismo alimenta o imaginário cultural de que algumassubstâncias são devastadoras, aliado à noção da existência de uma epidemia,criou-se o consenso de que o Estado é incapaz de responder de forma rápidae abrangente às necessidades de saúde decorrentes do uso de psicoativos. Isso35Independentemente da droga e dos danos associados ao seu uso, 64% dos entrevistados consideramque os usuários precisam receber tratamento médico. Pesquisa de Opinião Pública,Fundação Perseu Abramo e Fundação Rosa Luxemburgo, 2014, op. cit.

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