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80 Drogas no Brasil – Entre a saúde e a justiçaou, em termos foucaultianos, substituir um assujeitamento por outro. Istoporque, o usuário de drogas deve ser visto como sujeito de direitos e menoscomo alvo de tutela e de acusações totalizadoras e estigmatizantes 21 .Assim, um leque muito mais amplo da sociedade civil que o direito ou amedicina deve ser consultado na formulação, definição e aplicação das políticaspúblicas sobre uso e comércio de drogas: movimentos sociais, ONGs,acadêmicos e experts de diversas áreas do conhecimento (serviço social, psicologia,antropologia, sociologia), além dos profissionais das ciências da saúdee, claro, os próprios usuários de drogas. Em suma, essa é uma discussão queenvolve grupos diversos da sociedade e não pode ser visto como simples objetode disputa e monopólio de relações de saber-poder.Considerações finaisOs dados analisados da pesquisa realizada pela FPA e RLS apontam que osentrevistados têm rejeitado, cada vez mais, a intervenção do sistema de justiçacriminal para os usuários de drogas. Este é o dado mais importante do itemda pesquisa aqui analisado. Aos poucos, a representação dos indivíduos entrevistadosrompe com a representação do uso de drogas enquanto um crimee a percebe como passível de representações em outros sistemas, que não osistema de justiça criminal.As políticas destinadas aos usuários de drogas devem priorizar o fortalecimentoda autonomia individual, reduzindo os danos e riscos associados aouso de drogas. Assim, as políticas públicas que funcionam distanciaram-sedo modelo internacional de “combate” e “guerra às drogas”, pois, ao final doséculo XX os resultados dessa “guerra” demostraram ser um grande fracasso,ao menos, sob dois pontos de vista: de um lado, o modelo bélico de “combate”não diminuiu o comércio e o uso de drogas ilícitas; por outro lado, doponto de vista social, as pesquisas científicas no Brasil demostram que apenas21Sobre o tema, ver especialmente a tese de doutorado apresentada ao Instituto de Filosofiae Ciências Humanas da Unicamp em Antropologia Social de Taniele Rui (2012) CorposAbjetos: etnografia em cenários de uso e comércio de crack. A tese analisa como a categoria“nóia” emerge como figura justificadora de todo o aparato repressivo, assistencial, religioso,midiático, sanitário e moral direcionado aos usuários de crack nas cidades de Campinas eSão Paulo.

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