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Opinião pública, política de drogas e repressão penal: uma visão crítica 155no último ano do governo Lula, no contexto de um grande alarme socialrelativo a uma alegada “epidemia” de uso do crack. O clamor público e o “pânicomoral” criado pela imprensa levou a necessidade política de demonstrarpublicamente uma reação a esse demanda, com estratégias de marketing emlançamentos públicos do Plano e campanhas publicitárias. Nessas, o usuáriode crack é mostrado como uma “figura monstruosa e perigosa, capaz de prejudicare/ou fazer sofrer as pessoas que o cercam” (Petuco, 2011). 14 Ainda sobintensa influência da mídia, no ano seguinte, em 2011, foi editado o Decreto7.673/2011, como um “novo” programa contra o crack, denominado “Crack,é possível vencer”, que alterou profundamente o modelo predominante atéentão, tendo havido a mudança do foco da política oficial do álcool, principaldroga consumida pelos brasileiros, para o crack, sem que evidências concretaspudessem fundamentar essa escolha política, eis que o consumo de álcool émuito superior ao de crack. Dessa forma, se pode afirmar que tanto o governocomo a opinião pública reagiram de forma emocional ao aumento da visibilidadedo consumo de crack na mídia televisiva, o que levou, no nosso entenderà adoção de políticas equivocadas, como a internação forçada de usuários decrack moradores de rua (Boiteux, 2013).Apesar de todas as críticas que se possa fazer, resta claro nas respostas dosentrevistados a ampla rejeição a propostas alternativas e o apoio à manutençãode uma política de drogas proibicionista, mesmo em relação à maconha,considerada menos danosa à saúde dentre as substâncias hoje proibidas (80%são a favor da manutenção de sua venda e consumo, sendo ainda maior o percentualem relação a outras drogas) (p. 307). Porém nos parece clara a críticaàs políticas de prevenção atual além do que 64% defendem tratamento, e nãoprisão, para usuários de drogas ilícitas, o que pode ser uma janela de oportunidadepara pensar o problema com um viés menos repressivo, embora sejaimpressionante verificar que 22% dos entrevistados defendem ainda pena deprisão com tratamento para usuários (p. 300).14Para uma visão crítica sobre as campanhas publicitárias de prevenção crack, vide PETUCO,Dênis Roberto da Silva (2001). Entre imagens e palavras. O discurso de uma campanha deprevenção ao crack. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Gradução emEducação da Universidade Federal da Paraíba. Disponível em: .

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