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Dilemas sobre as dependências de substâncias 115de publica. Doenças como hipertensão, diabetes, infartos e outros problemascardiocirculatórios, cálculos renais, alguns tipos de câncer e a própria obesidadeafetam, sem dúvida, um amplo espectro da nossa população. Neste usodesenfreado por calorias, podemos ver que há uma má política de educaçãoe prevenção para o uso abusivo dos alimentos hipercalóricos e pouco nutritivos.Diante disso, num ato de insanidade seria possível aplicar às pessoas comsobrepeso o mesmo modelo político repressivo e culturalmente preconceituosoàqueles que utilizam substâncias psicoativas. Todos conseguem enxergaro quão irracional é esta proposição e quanto de reflexos negativos ela proporcionariaem toda sociedade. Porém, tem sido desta maneira que o Brasil vemtratando seus usuários de drogas, desde 1830 quando então foi proibido o pitode pango (nome dado ao cigarro de maconha) na cidade do Rio de Janeiro.Neste momento, a tentativa era impedir que os pretos escravos fizessem o usohabitual de maconha, que estava incorporada à sua cultura.A temática profunda e complexa em torno do uso, abuso e dependência desubstâncias faz com que muitos críticos ao modelo exponham pontos cruciaistrabalhados em suas teses que desmontam a estrutura hierárquica médico--psiquiatra no que diz respeito à simplificação do transtorno apenas nos aspectosclínicos ou psicológicos. Trabalhos que realçam contextos de sofrimento,miséria e guerra mostram diferentes padrões no estabelecimento das dependênciase compulsividades entre seus povos por exemplo. Teorias como as doprofessor Edward Khantzian, da Escola Médica de Harvard, apontam queindivíduos hoje considerados dependentes de substâncias podem estar buscandono uso de substâncias a automedicação para transtornos prévios ou comorbidades,na tentativa de aliviar de maneira prática e intuitiva o sofrimentopsicológico referente aos estados de afeto e humor. Autores como John Daviese Peter Cohen, argumentam em um tom reflexivo de que a dependência é ummito criado a partir de um constructo social. Uma combinação de determinadoscomportamentos elencados desde o século XVIII como desviantes e queculminaram em baixa aceitação cultural. A execução destes comportamentospor grupos específicos de pessoas proporciona em nossa sociedade um mistode alienação e medo que reforçam esse tipo de visão médica, que por sua vezalimentam as diretrizes das políticas de saúde em torno da questão. Existempontos de crítica na maneira que lidamos com as pessoas que exageram, se-

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