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Drogas e opinião pública no Brasil: hegemonia da desinformação 93tamentos, lutando por um rápido sucesso econômico sob o constante risco deautoconsumo e falta de empatia com os outros”.“Se hoje em dia a medicina exercita o único discurso eficaz contra as drogasrecreativas e as pesadas, um evidente discurso de caráter moral, disciplinar, elatambém preenche o mesmo campo da drogadição generalizada com suas própriasdrogas industriais e terapêuticas, que em muitos casos (...) transcendemqualquer função terapêutica”, resume Tales Ab`Saber (2012, p. 95).Enquanto por um lado determinadas substâncias são demonizadas e supostamenteperseguidas, com a intenção declarada de extingui-las da face da terra,“bens farmacêuticos convertem-se em espíritos imaginários em vez de verdadesmateriais, concretas, que supostamente representam: mercadorias tornam--se então sujeitos”. Os produtos farmacêuticos tornaram-se, para Biehl, umaferramenta fundamental nas deliberações de quem vive e a que custo vive, e,como vemos nos dados da pesquisa aqui em questão, isso é visto socialmentecomo um problema de muito menor importância do que o consumo de umbaseado de maconha ou de uma pedra de crack.Concomitantemente com o crescimento do poder da medicina social,fortalece-se também a concepção penal iluminista de uma nova estratégia quese “resume na criação da delinquência enquanto ilegalidade isolada e fechadaatravés do sistema carcerário” (Zaccone, 2007, p. 67). Dá-se então um jogode força, que conduz indivíduos ao poder ou à prisão, de acordo com suaclasse (Foucault, 1999): a justiça penal não se destina a punir todas as práticasilegais, tão somente operando “um controle diferencial das ilegalidades,utilizando-se da polícia como auxiliar e da prisão como instrumento punitivo”(Zaccone, 2007, p. 69). Para além de tutelar a integridade dos indivíduos, osistema punitivo opera como reprodutor das relações de poder e de propriedadeexistentes, nesse duplo enfoque repressivo bastante atual, em suas esferaspenal e medicinal.Se as drogas legais tornam-se “tecnologias morais” para o ajustamento dascondutas e das vidas no biocapitalismo contemporâneo, como avalia Biehl,que vê como consequência disto uma “farmacolização da saúde pública emdetrimento de outras iniciativas de preventivas e de infraestrutura”, paralelamentea repressão judicial e médica às substâncias ilícitas, muitas delascom usos potencialmente menos danosos, atua como ferramenta de controle

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