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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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aumento da História Natural e, conseqüentemente, para o enriquecimento da Nação. Seu manual<br />

possui uma organização um tanto distinta das outras obras. O compêndio se divi<strong>de</strong> em três<br />

partes: a primeira é <strong>de</strong>nominada Da utilida<strong>de</strong> da viagem: necessida<strong>de</strong>, que tem Portugal <strong>de</strong> ser<br />

viaja<strong>do</strong>: e da Economia, a segunda Das obrigaçoens <strong>do</strong> Viajante na Viagem Politica e Filosofica e<br />

a terceira De preparar, e remetter os productos naturaes para o Museo Nacional. Na primeira<br />

parte, Sá trata <strong>de</strong> fazer uma apologia da viagem, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> os seus benefícios e apontan<strong>do</strong><br />

as riquezas da nação e a importância <strong>de</strong> um país ser viaja<strong>do</strong> para o seu enriquecimento e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Influencia<strong>do</strong> pelas idéias <strong>de</strong> economia da natureza <strong>de</strong> Lineu, a peculiarida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

manual <strong>de</strong> Sá resi<strong>de</strong> na extensa e fundamentada apologia que faz da viagem, marcan<strong>do</strong> então<br />

uma exclusivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua obra. No capítulo Da Economia, e origem das Artes <strong>de</strong>fine a economia<br />

como a ciência que aplica os produtos naturais para o uso da vida e traça um panorama <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

Moisés, passan<strong>do</strong> pelos egípcios, gregos e fenícios até alguns povos da América e África, <strong>de</strong><br />

como esses povos se utilizaram <strong>do</strong>s recursos naturais para comer, vestir, proteger-se das<br />

intempéries, construírem ferramentas e diversas outras invenções. Nesses termos, afirma Sá que<br />

―o nosso paiz, que abunda tanto em riquezas notaveis, <strong>de</strong>ve Viajar-se, e trabalhar-se a fim <strong>de</strong><br />

constituir os nossos interesses Economicos, e <strong>de</strong> formar as ventagens <strong>de</strong> hum pomposo<br />

Comercio.‖ 14<br />

Seu manual também apresenta uma particularida<strong>de</strong> na segunda parte, que é a <strong>de</strong> incluir em<br />

item específico alguns da<strong>do</strong>s referentes à qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s viajantes. Este <strong>de</strong>ve ser um sujeito<br />

saudável, <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s agu<strong>do</strong>s, vista perspicaz, cheiro sensível e robusto; quanto aos ―<strong>do</strong>tes da<br />

alma‖, <strong>de</strong>ve ser ágil, perspicaz, dócil, justo e pru<strong>de</strong>nte; <strong>de</strong>ve ser um sujeito conhece<strong>do</strong>r das leis <strong>do</strong><br />

direito natural, público, etc.; por fim, <strong>de</strong>ve ser instruí<strong>do</strong> na geografia, aritmética, geometria,<br />

trigonometria plana, história natural, física e química. Essa pormenorização específica das<br />

qualida<strong>de</strong>s que o viajante <strong>de</strong>ve ter também é exclusiva <strong>de</strong> suas instruções, já que o manual <strong>de</strong><br />

Van<strong>de</strong>lli, mais voltada para a ativida<strong>de</strong> prática <strong>de</strong> campo, a compilação <strong>de</strong> Vidigal e o manual da<br />

Aca<strong>de</strong>mia, mais técnico, não abordam esse tema. No contexto geral europeu, a indicação das<br />

qualida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> viajante aparece em The Naturalist's and Traveller's Companion (1772), <strong>de</strong> John<br />

Coakley Lettson, junto às instruções para o levantamento exaustivo <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s sociais, o que indica<br />

ser uma forte influência para Sá, já que essa é também a proposta <strong>de</strong>senvolvida no compêndio.<br />

Atentan<strong>do</strong> agora para o texto da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências <strong>de</strong> Lisboa, esse manual, por sua vez,<br />

assume mais a forma <strong>de</strong> um panfleto técnico e orienta-se para a prática <strong>de</strong> recolhimento e<br />

remessa <strong>de</strong> produtos para o Museu em Lisboa sem que sejam <strong>de</strong>teriora<strong>do</strong>s durante o transporte.<br />

Apresenta quatro seções que seguem a classificação lineana <strong>de</strong> reino animal, vegetal e mineral e<br />

mais uma intitulada Das noticias pertencentes á Historia Natural, que ―dizem relação immediata<br />

aos productos da natureza, que remettem para o Museo; ou tem por objecto as coisas mais<br />

notaveis e curiosas <strong>do</strong> terreno, em que se achão os ditos productos, e os costumes <strong>do</strong>s povos que<br />

14 SÁ, J. A. De. Op. cit. p. 34.

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