14.10.2014 Views

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

381<br />

ser estes ―branco, preto, cor <strong>de</strong> rosa ou vermelho‖. O que interessa à velha<br />

Albion é ―saber se esse governo está disposto a ligar-se a outros, caso se<br />

torne necessário <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a paz‖.<br />

A expressão reflete bem o sentimento da <strong>de</strong>mocracia inglesa. Cada povo<br />

tem o regime que merece, embora, muitas vezes, seja digno <strong>de</strong> regime<br />

diferente... Mas a Inglaterra quer saber apenas da conduta<br />

internacional <strong>do</strong>s diversos países, <strong>de</strong>sprezan<strong>do</strong>-lhes as formas <strong>de</strong><br />

governo. Pensassem to<strong>do</strong>s assim, traçassem os dita<strong>do</strong>res essa<br />

norma <strong>de</strong> “boa vizinhança” (porque os continentes, hoje, são to<strong>do</strong>s<br />

vizinhos), e talvez maior confiança mútua e certa tranqüilida<strong>de</strong><br />

reinasse entre os povos...<br />

Esse é, porém, um princípio <strong>de</strong>mocrático, que só encontra eco nos<br />

espíritos forma<strong>do</strong>s em regimes <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.<br />

As palavras <strong>de</strong> E<strong>de</strong>n não têm oportunida<strong>de</strong> na América, on<strong>de</strong> a<br />

“conduta internacional” é clara, tradicional e coerente; on<strong>de</strong> cada<br />

povo vive bem com o seu regime, que por sinal é to<strong>do</strong> ele cor <strong>de</strong> rosa,<br />

e não inveja nem estranha o regime <strong>do</strong> vizinho.<br />

Na Europa, entanto, <strong>de</strong>veriam servir <strong>de</strong> paradigma, como remédio<br />

mais pronto à cura <strong>de</strong> certas enfermida<strong>de</strong>s políticas, que ameaçam<br />

<strong>de</strong>struir civilizações milenares... 27<br />

Já em 1941, quan<strong>do</strong> o periódico recebia farto material da Transocean, Inojosa editou<br />

―Missa <strong>de</strong> 7° dia...‖ em 30 <strong>de</strong> abril, cujo tom era particularmente virulento em relação à Inglaterra:<br />

Winston Churchill proferiu palavras <strong>de</strong> <strong>de</strong>salento. Verda<strong>de</strong>ira missa<br />

<strong>de</strong> sétimo dia, o seu discurso. Frases <strong>de</strong> um venci<strong>do</strong>, que não sabe<br />

por on<strong>de</strong> recomeçar a vida. Falou em situação moral quan<strong>do</strong> é essa,<br />

justamente, a que mais lhe <strong>de</strong>ve pesar no ânimo.<br />

Porque, prometen<strong>do</strong> vitórias ao seu povo, não lhe dá senão<br />

sucessivas <strong>de</strong>rrotas, <strong>de</strong> tal or<strong>de</strong>m que passa a não merecer fé o que<br />

promete. É esse, hoje em dia, o aspecto real <strong>de</strong> sua posição na<br />

política britânica: <strong>de</strong> um chefe <strong>de</strong> governo que <strong>de</strong> tanto fracassar não<br />

tem mais autorida<strong>de</strong> para prometer.<br />

Quan<strong>do</strong> o homem público <strong>de</strong>sce a um grau tão persistente <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scrédito, ele está com a sua carreira irremediavelmente encerrada.<br />

O povo inglês acha-se cansa<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrotas. Os políticos lhe ocultaram a<br />

verda<strong>de</strong>ira situação, que ele, somente agora, começa a compreen<strong>de</strong>r. Por<br />

isso mesmo, Churchill teve <strong>de</strong> proferir uma <strong>de</strong> suas arengas, não para<br />

justificar a “estratégica retirada” da Grécia, mas para anunciar que na<br />

África e no Atlântico é que ajustará contas com os inimigos da<br />

judiaria inglesa...<br />

Entanto, <strong>de</strong>vemos convir em que para a Inglaterra não está esgotada a<br />

lista <strong>de</strong> vítimas. As seculares e afiadas garras <strong>do</strong> Leão Britânico ameaçam<br />

erguer-se contra Espanha e Portugal, ou, <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong>, contra a Turquia.<br />

O <strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> tropas no Iraque entremostram que os ingleses<br />

querem mesmo “combater, recuan<strong>do</strong>”, até os confins <strong>do</strong> seu<br />

Império...<br />

Até lá, porém, irão os exércitos <strong>do</strong> “eixo” em perseguição tenaz aos<br />

seculares inimigos da humanida<strong>de</strong>. 28<br />

27 INOJOSA, Joaquim. Princípio <strong>de</strong>mocrático. Meio-Dia, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 23 mar. 1939, 1° edição, p. 02, grifo<br />

meu.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!