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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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final em Cristo, o Reino <strong>de</strong> Deus; 3) Uma crítica da teologia dualista<br />

tradicional, como produto da filosofia grega <strong>de</strong> Platão, que separa corpo e<br />

alma, vida espiritual e vida material; 4) Uma nova leitura da Bíblia, que dá<br />

uma atenção significativa a passagens tais como a <strong>do</strong> Êxo<strong>do</strong>, que é vista<br />

como paradigma da luta <strong>de</strong> um povo escraviza<strong>do</strong> por sua libertação. 5)<br />

Uma forte crítica moral e social <strong>do</strong> capitalismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte como sistema<br />

injusto e iníquo, como uma forma <strong>de</strong> peca<strong>do</strong> estrutural 6) O uso <strong>do</strong><br />

marxismo como instrumento socioanalitico; 7) A opção preferencial pelos<br />

pobres e 8) Criação <strong>de</strong> Comunida<strong>de</strong>s Eclesiais <strong>de</strong> Base. 3<br />

Esse movimento agrega concepções e análises teológicas com questões sociológicas. O<br />

tipo <strong>de</strong> i<strong>do</strong>latria contra a qual se luta é o dinheiro entendi<strong>do</strong> como um adversário da religião e não<br />

o ateísmo que é imputa<strong>do</strong> ao comunismo. As análises teológicas também versavam sobre a<br />

prática <strong>do</strong>s cristãos, principalmente no que diz respeito à sua politização. O capitalismo<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte também era compreendi<strong>do</strong> sociologicamente e reconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> na teologia e trata<strong>do</strong><br />

como um peca<strong>do</strong>. A socieda<strong>de</strong> era compreendida em suas estruturas <strong>de</strong> classe nas quais havia<br />

uma preferência em seu discurso para a evangelização e ―conscientização‖ <strong>do</strong>s pobres. O espaço<br />

para efetivação <strong>de</strong>sse movimento eram as CEB‘s. Da prática <strong>de</strong>sse <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong> cristianismo é que<br />

po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> fenômeno conheci<strong>do</strong> como CEB‘s no Brasil.<br />

Dessa forma procurou-se compreen<strong>de</strong>r a expressão ―Comunida<strong>de</strong> Eclesial <strong>de</strong> Base‖ a<br />

partir <strong>de</strong> abrangente bibliografia (teólogos, sociólogos, historia<strong>do</strong>res). As CEB‘s foram pensadas,<br />

primeiramente, como forma <strong>de</strong> implantação, na América Latina, das diretrizes <strong>do</strong> Vaticano II. Entre<br />

outras coisas, principalmente, no que tange à participação <strong>do</strong> leigo na prática religiosa católica.<br />

Observar os membros na Igreja em seus contextos ―reais‖. Esse clamor <strong>do</strong> Concílio foi efetiva<strong>do</strong><br />

no continente latino-americano a partir <strong>de</strong> uma aproximação aos mais pobres e marginaliza<strong>do</strong>s.<br />

Os teólogos <strong>do</strong> continente (liga<strong>do</strong>s à Teologia da Libertação) interpretaram essa intenção a partir<br />

<strong>de</strong> uma ―opção preferencial pelos pobres‖ 4 .<br />

O Concílio Vaticano II foi um ―divisor <strong>de</strong> águas‖ para a Igreja católica, pois encerrou uma<br />

fase inaugurada com o Concílio <strong>de</strong> Trento (1545 – 1563), 5 perío<strong>do</strong> que o catolicismo romano<br />

rompeu com o nascente mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno e se confrontou com as correntes espirituais, culturais e<br />

políticas que emergiram <strong>do</strong> conjunto da renascença e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> particular, da Reforma<br />

Protestante. 6<br />

No Concílio, foram reformuladas <strong>do</strong>utrinas e estruturas como uma forma <strong>de</strong> tentar retirar<br />

a Igreja católica da crise que se acentuou após a Segunda Guerra Mundial. Entre outras coisas,<br />

fora aprovada no Concílio a missa nas línguas nacionais, abolin<strong>do</strong>-se a missa em latim. O Concílio<br />

3 LÖWY, Michael. A Guerra <strong>do</strong>s Deuses: religião e política na América Latina. p.61<br />

4 MENDES, Ricar<strong>do</strong>. As práticas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r nas igrejas-base da diocese <strong>de</strong> Apucarana (1968 – 1982). 2010.<br />

116 f. Dissertação (Mestra<strong>do</strong> em História Social) – Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Londrina. pp. 52-59<br />

5 DELUMEAU, Jean. De religiões e <strong>de</strong> homens. Trad. Nadyr <strong>de</strong> Salles Pentea<strong>do</strong>. São Paulo: Edições<br />

Loyola, 2000. pp.278-280<br />

6 BEOZZO, José Oscar. Padres conciliares brasileiros no Vaticano II: participação e prosopografia. 1959 –<br />

1965. 2001 436 f. Tese (Doutora<strong>do</strong> em História Social) – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras e Ciências Humanas,<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, São Paulo. p.27

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