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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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415<br />

O HOMEM DE LETRAS<br />

A primeira pergunta que se faz quan<strong>do</strong> se trata <strong>do</strong> tema da subliteratura, e talvez a mais<br />

complexa <strong>de</strong> ser respondida, é quem são estes poetas esqueci<strong>do</strong>s? On<strong>de</strong> escreveram? E o que<br />

escreveram? Então, através <strong>de</strong> três revistas literárias da época po<strong>de</strong>mos apresentar brevemente,<br />

alguns <strong>de</strong>stes poetas esqueci<strong>do</strong>s.<br />

A primeira se trata <strong>do</strong> ―Almanach Litterário Paulista‖. Este era trimensal e hoje<br />

disponibiliza<strong>do</strong> nos acervos da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e na biblioteca municipal Mário <strong>de</strong><br />

Andra<strong>de</strong> o exemplar <strong>do</strong> ano 1885, uma compilação das publicações trimestrais. Do ―Almanach<br />

Litterário‖ temos um autor aqui exemplifica<strong>do</strong>.<br />

Joaquim Xavier da Silveira Junior (1864-1912) nasceu em São Paulo, formou-se em<br />

ciências jurídicas pela Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito <strong>de</strong> São Paulo. Foi Deputa<strong>do</strong> durante a terceira e a<br />

quarta legislaturas, <strong>de</strong> 1897 a 1902, Sena<strong>do</strong>r em 1912, membro <strong>do</strong> Instituto Histórico e Geográfico<br />

<strong>do</strong> Brasil (IHGB) e presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s Advoga<strong>do</strong>s. Chegou à prefeitura <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral em Outubro<br />

<strong>de</strong> 1901 por nomeação <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte Campos Sales (1898-1902). Enfrentou graves problemas<br />

financeiros em sua administração, sen<strong>do</strong> substituí<strong>do</strong> em Setembro <strong>de</strong> 1902, pelo coronel Leite<br />

Ribeiro 12 , que assumiu o cargo interinamente até <strong>de</strong>zembro daquele ano.<br />

O currículo <strong>do</strong> senhor Xavier da Silveira é sem dúvida notável, porém, nos falta dizer que<br />

ele embora na política tenha obti<strong>do</strong> prestígio e possa até ser encontra<strong>do</strong>, o que pouquíssimo se<br />

encontra sobre ele é a respeito <strong>de</strong> sua carreira literária. Republicano e abolicionista propagou<br />

suas idéias nos periódicos, Correio da Manhã, Democracia e Gazeta <strong>de</strong> Notícias. Em 1885 teve<br />

publica<strong>do</strong> no Almanach Litterário um <strong>de</strong> seus textos – No álbum <strong>de</strong> D. Anna A. Soares – que<br />

segue abaixo:<br />

A infelicida<strong>de</strong> me raia os seios d‘alma<br />

A fronte outr‘ora erguida já pen<strong>de</strong> para o pó!<br />

A <strong>do</strong>r me vai matan<strong>do</strong> – romeiro acabrunha<strong>do</strong><br />

É logo o meu caminho que eu venho sempre só!<br />

Senti da infância ao sopro – um mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> esperança<br />

- Surgin<strong>do</strong> luminoso a prometer –me flôres,<br />

E agora ao bafo ar<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> sol da <strong>de</strong>sventura<br />

- Murcharam minhas crenças – ficou-me um mar <strong>de</strong> <strong>do</strong>res!<br />

Quem po<strong>de</strong> no <strong>de</strong>serto – bohemio <strong>do</strong> infortúnio<br />

- Olhar os horizontes e não se entristecer?<br />

Ninguém, porqu‘o <strong>de</strong>serto é vago, immenso, vasto<br />

E faz o pensamento em se jamais se per<strong>de</strong>r<br />

O fogo <strong>do</strong> martyrio me queima a vida inteira<br />

E morre a flor <strong>do</strong>s lábios o riso em embryão<br />

Latejam-me as artérias – na febre <strong>do</strong> infortúnio<br />

- O sangue é chamma ar<strong>de</strong>nte que abraza o coração.<br />

12 ABRANCHES, Dunshee. Governos e congressos da República <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brasil - 1889 a<br />

1917. São Paulo, 1918.

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