14.10.2014 Views

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

163<br />

carbona<strong>do</strong>s palu<strong>de</strong>anos (hidrogênio carbona<strong>do</strong>, áci<strong>do</strong> carbônico etc.), que<br />

mistura<strong>do</strong>s ao ar constituem uma po<strong>de</strong>rosa causa <strong>de</strong> insalubrida<strong>de</strong>. 14<br />

Percebemos que esses apontamentos revelam uma preocupação essencialmente<br />

econômica, mas, apesar <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificarmos que em sua reflexão estão os benefícios que a<br />

conservação <strong>de</strong> áreas florestais po<strong>de</strong>riam trazer para a agricultura, também percebemos uma<br />

influência no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> apontar para consequências mais gerais. Quan<strong>do</strong> o foco era o problema<br />

da escassez <strong>de</strong> lenha, o autor procurou citar exemplos <strong>de</strong> como resolvê-lo. O mo<strong>de</strong>lo veio <strong>do</strong>s<br />

países europeus, que solucionaram a falta <strong>de</strong> lenha com o replantio <strong>de</strong> árvores.<br />

O agrônomo Lavergne é <strong>de</strong> parecer que a <strong>de</strong>struição das florestas têm<br />

inconvenientes pouco graves nos países frios, mas que é extremamente<br />

nociva nos países quentes, que faz menos mal nas planícies que nas<br />

montanhas. Em toda parte, diz ele, quer o clima seja frio, quer quente, são<br />

<strong>de</strong>sastrosos os efeitos que resultam em <strong>de</strong>sguarnecer <strong>de</strong> árvores as<br />

montanhas, e mesmo as colinas e as inclinações escarpadas. Os lugares<br />

on<strong>de</strong> outrora floresceram muitas nações estão hoje reduzi<strong>do</strong>s a <strong>de</strong>sertos<br />

inóspitos pelo simples fato <strong>do</strong> <strong>de</strong>rrubamento das florestas. A falta <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>iras tem obriga<strong>do</strong> a formar florestas artificiais, e po<strong>de</strong>-se dizer que a<br />

Europa replanta árvores: e essa cultura, que forma hoje um ramo<br />

particular da agricultura, começou pelos países mais frios <strong>do</strong> norte da<br />

Europa, que atualmente fazem um ativíssimo comércio com a florestas<br />

artificiais, plantadas e replantadas, e cuida<strong>do</strong>samente tratadas. 15<br />

Nenhuma região estaria isenta <strong>do</strong>s danos causa<strong>do</strong>s pelo <strong>de</strong>smatamento. Até mesmo a<br />

Europa, que segun<strong>do</strong> alguns, por ser <strong>de</strong> clima frio não sofreria os efeitos da <strong>de</strong>rrubada <strong>de</strong> árvores,<br />

para Ilídro não estaria distante <strong>de</strong> sofrer essas consequências. Prova disso era que esse<br />

continente iniciava a cultura <strong>do</strong> replantio das árvores, <strong>de</strong>pois chamada silvicultura, criada pelos<br />

europeus. O autor se aproximava <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia lançada por José Bonifácio, o qual ao mencionar<br />

os países <strong>do</strong> Oriente Médio, afirmava que antes <strong>de</strong> se tornarem <strong>de</strong>sertos, estiveram repletos <strong>de</strong><br />

florestas, fato que po<strong>de</strong>ria se repetir no Brasil caso continuasse com o ritmo <strong>de</strong> <strong>de</strong>vastação.<br />

É importante ressaltarmos, todavia, que o pensamento <strong>do</strong> agricultor não se distanciava <strong>do</strong>s<br />

seus contemporâneos, que se preocupavam em refletir o esta<strong>do</strong> da agricultura, os méto<strong>do</strong>s<br />

agrícolas em relação à natureza. A natureza para ele era também um recurso a ser explora<strong>do</strong><br />

para exclusivo benefício humano, como observamos na passagem que segue: ―[...] Devemos<br />

procurar tirar parti<strong>do</strong> das gran<strong>de</strong>s vantagens, que nossa brilhante natureza nos oferece, e obter<br />

lucros extraordinários que nossa incúria tem feito aban<strong>do</strong>nar‖. 16<br />

Por outro la<strong>do</strong>, não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> mencionar o quanto o agricultor estava afina<strong>do</strong><br />

com i<strong>de</strong>ias que estavam sen<strong>do</strong> discutidas no Brasil referentes aos usos <strong>do</strong>s recursos naturais e<br />

sua extrema importância para a agricultura e para a vida.<br />

14 O Agricultor Paulista, nº 11, p. 210.<br />

15 I<strong>de</strong>m, p. 211.<br />

16 O Agricultor Paulista, 1860, nº 8, p. 141.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!