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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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sintetiza<strong>do</strong> nas três características <strong>do</strong> paradigma mo<strong>de</strong>rno assinaladas por Vasconcellos 4 , a<br />

saber: a simplicida<strong>de</strong>, a estabilida<strong>de</strong> e a objetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> pensamento científico.<br />

Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta i<strong>de</strong>ia, apresentaremos os pressupostos que norteiam nossa pesquisa, a<br />

meto<strong>do</strong>logia e algumas impressões sobre o trabalho <strong>de</strong> campo que estamos realizan<strong>do</strong> neste ano<br />

<strong>de</strong> 2010. É importante <strong>de</strong>stacar que o objetivo consiste menos em realizar conclusões <strong>do</strong> que<br />

propor discussões.<br />

FORMULAÇÃO DO PROBLEMA<br />

Os pressupostos iniciais que norteiam esta pesquisa são aqueles articula<strong>do</strong>s pela história<br />

da leitura. Neste senti<strong>do</strong> historia<strong>do</strong>res como Hébrard 5 nos mostram que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o surgimento, na<br />

França, <strong>do</strong>s primeiros projetos <strong>de</strong> ensino volta<strong>do</strong>s para um público não liga<strong>do</strong> à Igreja até a<br />

massificação <strong>do</strong> ensino no século XIX, a preocupação em educar as pessoas era guiada,<br />

primeiramente, pelos preceitos da Igreja e, <strong>de</strong>pois, pelos projetos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> liga<strong>do</strong>s ao<br />

Esta<strong>do</strong>. O que nos permite consi<strong>de</strong>rar que a escola é uma instituição mo<strong>de</strong>rna 6 cuja característica<br />

<strong>de</strong> maior relevância é ser, por excelência, a instituição forma<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> nossos jovens. Nesse<br />

senti<strong>do</strong>, Sacristán mostra que a escola se traduz como ―[...] a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impulsionar para<br />

adiante a humanida<strong>de</strong> e [...] uma ocasião para redimir as chagas sociais e os <strong>de</strong>feitos <strong>do</strong>s adultos<br />

[...]‖ 7 . Esse mesmo reconhecimento da escola como instituição forma<strong>do</strong>ra é compartilhada por<br />

Chevallard quan<strong>do</strong> diz que ―Hoje, mais <strong>do</strong> que ontem, esse sistema <strong>de</strong>ve suporta o peso das<br />

expectativas, os fantasmas, as exigências e toda uma socieda<strong>de</strong> para a qual a educação é a<br />

última reserva <strong>de</strong> sonhos que <strong>de</strong>sejaríamos po<strong>de</strong>r exigir em sua totalida<strong>de</strong>.‖ 8 .<br />

Não po<strong>de</strong>mos negar que existe ainda uma esperança <strong>de</strong>positada nas instituições<br />

escolares no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> melhorar o futuro. Qual o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensinarmos história para os alunos<br />

hoje em dia? Torná-los pessoas conscientes <strong>de</strong> seu papel na socieda<strong>de</strong>, atuar <strong>de</strong> forma crítica,<br />

são falas que ouvimos e lemos incontáveis vezes pelos corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> escolas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os<br />

lugares.<br />

Problematizan<strong>do</strong> essa situação, algumas questões aparecem <strong>de</strong> maneira (quase) óbvia.<br />

Quais saberes a escola seleciona para dar conta <strong>do</strong>s seus objetivos? Como os educa<strong>do</strong>res<br />

repassam esses conhecimentos aos alunos? Hobsbawm afirma que o ensino <strong>de</strong> história é mais <strong>do</strong><br />

4 VASCONCELLOS, 2002, passim.<br />

5 HÉBRARD, 2002.<br />

6 Em seu livro intitula<strong>do</strong> A socieda<strong>de</strong> industrializada: vidas contadas e histórias vividas, Zygmunt Bauman<br />

(2005) mostra a crise em que se encontra o mo<strong>de</strong>lo mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> escola em nossos dias por conta <strong>do</strong><br />

pensamento pós-mo<strong>de</strong>rno. Da mesma forma, no texto O projeto educacional mo<strong>de</strong>rno: i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> terminal?,<br />

Tomaz Ta<strong>de</strong>u Silva (1995) apresenta uma <strong>de</strong>finição clara da educação na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> para enfatizar sua<br />

crise e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se pensar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> educacional pelo enfoque pós-mo<strong>de</strong>rno e pelo que ele<br />

<strong>de</strong>fine como assalto neoliberal.<br />

7 SACRISTÁN, 2005, p.41.<br />

8 CHEVALLARD, 1991, p.13, tradução nossa.

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