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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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militantes (como Hél<strong>de</strong>r Câmara) migraram para organizações <strong>de</strong> esquerda, jamais se<br />

reaproximan<strong>do</strong> <strong>de</strong> organizações integralistas ou <strong>de</strong> direita. Outra parcela ainda buscava se<br />

esquecer da participação <strong>do</strong> movimento integralista, visto que após o Esta<strong>do</strong>-Novo o movimento<br />

tornara-se ―maldito‖ para a opinião pública em geral, fruto em parte da gran<strong>de</strong> campanha efetuada<br />

pelo DIP (Departamento <strong>de</strong> Imprensa e Propaganda <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Novo). Há ainda o caso <strong>de</strong><br />

militantes, caso específico <strong>de</strong> Gustavo Barroso, que após a experiência integralista jamais<br />

voltaram a ocupar cargos e estabelecer relações no campo político-partidário institucionaliza<strong>do</strong>.<br />

O caso específico <strong>de</strong> Miguel Reale insere-se certamente no primeiro grupo <strong>de</strong>scrito acima.<br />

Após se <strong>de</strong>sligar <strong>do</strong> integralismo, Reale passa a <strong>de</strong>dicar-se às atribuições profissionais na área <strong>do</strong><br />

direito, lançan<strong>do</strong> em 1940 a Teoria Tridimensional <strong>do</strong> Direito, tida como uma das maiores<br />

contribuições <strong>de</strong> sua vida intelectual, reconhecida em âmbito internacional. No ano <strong>de</strong> 1942,<br />

passa a integrar oficialmente o Esta<strong>do</strong>-Novo, ocupan<strong>do</strong> o cargo <strong>de</strong> Membro <strong>do</strong> Conselho<br />

Administrativo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, até mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1944. Quan<strong>do</strong> Plínio Salga<strong>do</strong> passa a coor<strong>de</strong>nar – com<br />

o auxílio <strong>de</strong> Raymun<strong>do</strong> Padilha – a organização <strong>do</strong> PRP, Reale chega a ser corteja<strong>do</strong> a participar<br />

<strong>de</strong>sta nova empreitada integralista e, além <strong>de</strong> negar a participação, tece comentário que se<br />

tornaram extremamente problemáticos neste contexto <strong>de</strong> retomada e reorganização integralista.<br />

Em entrevista concedida ao Diário <strong>de</strong> Notícias (12/05/1945), Miguel Reale afirmou que via<br />

a movimentação <strong>de</strong> rearticulação integralista como um perigo para as possibilida<strong>de</strong>s pacíficas <strong>de</strong><br />

soluções <strong>do</strong>s problemas nacionais. O ex- Chefe <strong>de</strong> Doutrina da AIB já tinha manifesta<strong>do</strong><br />

anteriormente o reconhecimento pessoal em que admitia <strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong>ficiências presentes no<br />

i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> seu antigo parti<strong>do</strong>. Os motivos das mudanças <strong>de</strong> postura que teriam leva<strong>do</strong> Reale a se<br />

afastar <strong>do</strong> integralismo e não apoiar a articulação <strong>do</strong> PRP fica exposto na entrevista, on<strong>de</strong> Reale<br />

afirma que sua <strong>de</strong>silusão para com o integralismo foi causada principalmente por ter visto na<br />

prática quais eram os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s mol<strong>de</strong>s corporativistas numa nação 9 .<br />

A viagem que fez à Itália fascista em 1938 <strong>de</strong>u-lhe oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visualizar o<br />

corporativismo além <strong>do</strong>s livros, algo que Reale <strong>de</strong>finiu na prática como um sistema burocrático<br />

<strong>de</strong>cepcionante. Afirmou que os compromissos que os integralistas tinham com a AIB<br />

<strong>de</strong>sapareceram quan<strong>do</strong> da transformação <strong>de</strong>sta em ABC, sen<strong>do</strong> que quaisquer or<strong>de</strong>ns ditas aos<br />

antigos integralistas eram ilusórias. Estas afirmações marcaram por completo a ruptura <strong>de</strong> Reale<br />

com o integralismo (algo que, mesmo com a participação durante o Esta<strong>do</strong>-Novo não era<br />

necessariamente evi<strong>de</strong>nte). Neste perío<strong>do</strong> (1945), Reale funda, juntamente com Marrey Junior, o<br />

Parti<strong>do</strong> Popular Sindicalista (PPS), parti<strong>do</strong> este que <strong>de</strong>pois viria a se transformar no Parti<strong>do</strong> Social<br />

Progressista (PSP), fruto <strong>de</strong> fusão com outras diversas siglas, como o PRP (não integralista) <strong>de</strong><br />

Adhemar <strong>de</strong> Barros.<br />

Embora seja difícil quantificar o impacto que tais <strong>de</strong>clarações tenham causa<strong>do</strong> junto à<br />

militância integralista, é necessário ressaltar que outros figurões importantes da mais alta<br />

hierarquia integralista, como Santhiago Dantas, Belmiro Valver<strong>de</strong> e Gustavo Barroso não<br />

9 CALIL, Gilberto. p. 96

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