14.10.2014 Views

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

573<br />

Como uma das fontes <strong>de</strong>sta pesquisa são jornais, tanto os produzi<strong>do</strong>s pela imprensa <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> público, como os produzi<strong>do</strong>s pela associação <strong>do</strong>s professores <strong>do</strong> Paraná 6 , em um perío<strong>do</strong><br />

específico, que é o da greve <strong>do</strong>s professores <strong>de</strong> 1988, o conceito <strong>de</strong> representação se encaixa na<br />

prática da leitura <strong>de</strong>stes <strong>do</strong>cumentos.<br />

As pessoas ou grupos têm ou formulam uma compreensão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Como o percebem,<br />

como o enten<strong>de</strong>m, i<strong>de</strong>ntificam significa<strong>do</strong>s no mun<strong>do</strong> ao qual fazem parte. Chartier consi<strong>de</strong>ra que<br />

tanto as práticas como as estruturas são produzidas pelas representações, que são contraditórias<br />

e estão sempre em confronto, mas que fazem com que os indivíduos ou grupos dêem senti<strong>do</strong> ao<br />

mun<strong>do</strong> ao qual pertencem.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, as representações, que são formas <strong>de</strong> compreensão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, elaboradas<br />

pelos diversos indivíduos, cada um com sua realida<strong>de</strong>, estão em constante conflito, porque<br />

diferem umas das outras, e é um jeito próprio <strong>de</strong> dar significação ao mun<strong>do</strong>, que é próprio <strong>de</strong> cada<br />

grupo, ou indivíduo.<br />

A proposta da pesquisa, neste ponto, é então perceber qual a forma da notícia sobre o<br />

movimento grevista <strong>do</strong>s professores, ou seja, como este <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> grupo foi representa<strong>do</strong> nas<br />

páginas <strong>do</strong>s jornais, como foram rotula<strong>do</strong>s, ou como sua imagem foi transmitida. Por isso, é<br />

importante sempre i<strong>de</strong>ntificar <strong>de</strong> on<strong>de</strong> parte este discurso, quem os autoriza, e que objetivos<br />

possuem, isto tanto para a imprensa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> público como a imprensa da APP.<br />

A obra <strong>de</strong> Chartier contribui <strong>de</strong> forma bastante significativa neste senti<strong>do</strong>, para<br />

compreen<strong>de</strong>r este conceito <strong>de</strong> representação, que é o que irá permear esta parte da pesquisa, e<br />

principalmente porque seu foco também são as produções escritas, que se i<strong>de</strong>ntificam também<br />

com as fontes a serem utilizadas.<br />

O outro grupo <strong>de</strong> fontes que iremos utilizar são as fontes orais. Neste caso, faremos<br />

entrevistas com professores que atuavam na re<strong>de</strong> pública estadual no perío<strong>do</strong> da greve, e<br />

teremos o cuida<strong>do</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar os militantes e os que não participaram <strong>de</strong> forma direta no<br />

movimento, e também coletaremos relatos <strong>de</strong> professores que atuam hoje na re<strong>de</strong> pública<br />

estadual, mas, não eram ativos naquele momento, para i<strong>de</strong>ntificar a construção <strong>de</strong>sta memória.<br />

As obras <strong>de</strong> Paul Thompson e Sonia Maria <strong>de</strong> Freitas trazem o suporte teórico e<br />

meto<strong>do</strong>lógico para o trabalho com estas fontes orais, mostran<strong>do</strong> como se dá o encaminhamento<br />

da pesquisa, como po<strong>de</strong>mos organizar melhor o trabalho.<br />

Um exemplo <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong> abordagem das fontes orais, Paul Thompson apresenta<br />

quan<strong>do</strong> trata da ―evidência‖. Segun<strong>do</strong> o autor o que torna o trabalho com os relatos orais<br />

enriqueci<strong>do</strong> é exatamente a subjetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> testemunho fala<strong>do</strong>. As emoções, as pausas, a<br />

6 Neste perío<strong>do</strong>, 1988, a APP era apenas Associação <strong>do</strong>s Professores <strong>do</strong> Paraná, pois não podia ainda se<br />

constituir como sindicato, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a legislação que proibia os funcionários públicos constituírem sindicatos.<br />

Somente a partir da Constituição <strong>de</strong> 1988 é que esta prática po<strong>de</strong> ser utilizada e em 1989 a associação<br />

passa a ser sindicato, utilizan<strong>do</strong> o nome APP-Sindicato.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!