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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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No retrato <strong>de</strong> 1657-60 a relação entre claro-escuro permite que se visualize a face<br />

melancólica, enfadada e envelhecida <strong>do</strong> rei. Velázquez, vai compon<strong>do</strong> os retratos <strong>de</strong> forma a<br />

esvaziar <strong>de</strong> formas e cores o plano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s retratos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a passagem <strong>do</strong> tempo.<br />

Quanto à intencionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> pintor, isto é algo que se po<strong>de</strong> inferir e não <strong>de</strong>terminar.<br />

O plano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> marca<strong>do</strong> pela cor negra po<strong>de</strong> querer remeter-se a in<strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

perspectivas <strong>de</strong> futuro, ou mesmo a um passa<strong>do</strong> que não possui ―cores significativas‖. Já a face<br />

melancólica <strong>de</strong> Felipe <strong>IV</strong> que se repete nos retratos, leva a crer que Velázquez intentou plasmar<br />

em suas telas o ―rei sem alegria/personalida<strong>de</strong>‖ <strong>de</strong> que alguns autores falam.<br />

No ato <strong>de</strong> observação <strong>de</strong>sta seqüência <strong>de</strong> retratos, tem-se a impressão <strong>de</strong> que o Tempo para<br />

Velázquez é o tempo extremamente efêmero, o responsável pela brevida<strong>de</strong> da vida. O tempo tem<br />

estas características até mesmo para a realeza, isto po<strong>de</strong> ser pensa<strong>do</strong> pela forma como<br />

<strong>de</strong>smitifica o ―corpo‖ real ao representar enfa<strong>do</strong>, melancolia e o envelhecimento.<br />

Velázquez representa então uma partícula <strong>de</strong> tempo, o instante. Todavia um instante po<strong>de</strong><br />

simbolizar o momento eterno, pois após mais <strong>de</strong> três séculos a figura <strong>de</strong> Felipe <strong>IV</strong> e mesmo a <strong>de</strong><br />

Velázquez produz reflexões, estu<strong>do</strong>s e suscita questões relativas ao momento em que viveram e<br />

que a socieda<strong>de</strong> contemporânea vivencia.<br />

Pensamos que há várias questões básicas passíveis <strong>de</strong> serem feitas no momento da análise<br />

das imagens, por exemplo: Qual a data aproximada <strong>de</strong> conclusão da obra; quem a fez, para quem<br />

a fez, qual seu suporte e sua dimensão; on<strong>de</strong> está atualmente: o que retrata e <strong>de</strong> que forma<br />

retrata, qual o ambiente <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>; o por quê da opção <strong>de</strong> trabalhar com telas as <strong>de</strong><br />

interior;semelhanças e diferenças entre as imagens e das outras obras <strong>do</strong> pintor, entre outras.<br />

Nossa análise se fará <strong>de</strong> forma a consi<strong>de</strong>rar o conjunto <strong>do</strong>s retratos e a relação semelhança -<br />

diferença entre eles no que concerne à questão da percepção da categoria Tempo por parte <strong>do</strong><br />

pintor.<br />

No senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> como ―ver uma imagem‖ nos inspiraremos na obra <strong>de</strong> autores como Huyghe 5 ,<br />

cujas reflexões partem prioritariamente da Psicologia para analisar os ―instintos‖ <strong>do</strong> pintor como<br />

indivíduo. Por outro la<strong>do</strong> Gombrich 6 tem sua argumentação voltada para uma análise<br />

fundamentalmente social das obras <strong>de</strong> arte. Procuraremos articular um diálogo entre estes, os<br />

<strong>de</strong>mais autores que pesquisamos e as fontes, que são os retratos <strong>de</strong> Felipe <strong>IV</strong> feitos por Diego<br />

Velázquez.<br />

Preten<strong>de</strong>-se estabelecer uma relação entre o momento político e sócio-histórico em que pinta<br />

os retratos em questão com as cores, representação da luz e outros elementos estéticos da<br />

pintura <strong>de</strong> Velázquez que dêem conta <strong>de</strong> ―contribuir‖ para a elaboração <strong>de</strong> reflexões à respeito da<br />

concepção <strong>de</strong> Tempo para esse emblemático pintor espanhol. Neste senti<strong>do</strong>, os resulta<strong>do</strong>s<br />

obti<strong>do</strong>s das análises das imagens terão respal<strong>do</strong> teórico nos conceitos <strong>de</strong> Indivíduo e Socieda<strong>de</strong>,<br />

5 HUYGHE, René. Los po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> la imagen.Trad. Juan-Eduar<strong>do</strong> Cirlot. Barcelona: Editorial Labor, 1968.<br />

6 GOMBRICH, E.H. A História da arte. Trad.Álvaro Cabral. Editora LTC, 2000.

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