Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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O DEBATE ACERCA DO NACIONALISMO MUSICAL NO BRASIL:
MÁRIO DE ANDRADE E O GRUPO MÚSICA VIVA (1920-1950).
Lucas Dias Martinez Ambrogi
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História Social
da Universidade Estadual de Londrina
lucas_ambrogi@yahoo.com.br
RESUMO: A intenção desse trabalho é apresentar algumas análises acerca das divergências e
disputas sobre a concepção de Brasil, inseridas no debate em torno do nacionalismo musical
ocorrido por volta das décadas de 1920 e 1950, destacando dois diferentes discursos
nacionalistas envolvendo a prática musical. Mário de Andrade consolida seu projeto estético
ideológico com a publicação, em 1928, da obra Ensaio sobre a música brasileira, cujo conteúdo
trazia as diretrizes por ele pensadas como definidoras da nação brasileira no plano musical. Mas
já na década de 1940, seu discurso passa a ser questionado por representantes do grupo Música
Viva como, por exemplo, Cláudio Santoro e César Guerra-Peixe, compositores que apresentam
sua concepção de música nacional em oposição à idealizada por Mário de Andrade. Essas
concepções de nacionalismo formuladas em períodos e ambientes socioculturais distintos,
primeiramente com Mário de Andrade e posteriormente com o grupo Música Viva, foram o ponto
central do debate envolvendo o ―nacionalismo musical brasileiro‖ no período estudado, e a técnica
ou linguagem musical capaz de representar tal nacionalidade. Por vezes se relacionando com a
política do governo Vargas, esse debate contribuiu também para a construção de uma idéia de
nação que não se restringiu apenas à prática musical, mas que idealizou e definiu uma concepção
de Brasil e de povo brasileiro.
PALAVRAS-CHAVES: História; música; identidade nacional.
Este trabalho tem como objetivo apresentar algumas análises sobre a disputa pela
construção de identidade nacional brasileira, inserida no debate sobre o nacionalismo musical
ocorrido no país em princípios do século XX, por volta de 1920 a 1950. 1 Nesse contexto
específico, surgem discursos nacionalistas divergentes. Essas concepções de nacionalismo
formuladas em períodos e ambiente sociocultural distintos, primeiramente com Mário de Andrade
e posteriormente com o grupo Música Viva, fomentaram forte debate acerca do ―nacionalismo
musical brasileiro‖, sobre a técnica e a linguagem musical capaz de representar tal nacionalidade.
Por vezes se relacionando com a política nacional, esse debate contribuiu para a construção de
uma idéia de nação que não se restringiu apenas à prática musical, mas que idealizou e definiu
uma concepção de Brasil e de povo brasileiro.
Já nas primeiras décadas do século XX, o Brasil vivenciou um fenômeno de emergência de
algumas idéias de renovação no meio artístico e cultural propostas por determinados segmentos
1 O debate sobre a construção do nacional é extenso e complexo, remete ao século XIX, período em que as
artes como, por exemplo, a música e a literatura desempenharam papeis fundamentais para fortalecer uma
idéia de nação. Sobre o assunto ver, por exemplo: FERLIM, Uliana Dias Campos, A polifonia das
modinhas: diversidade e tensões musicais no Rio de Janeiro na passagem do século XIX ao XX.
Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Campinas . Campinas, SP. 2006, p. 01- 171. E
também, ABREU, Martha, ―Histórias da ‗música popular brasileira‘: uma análise da produção sobre o
período colonial‖. In: JANCSÓ, István e KANTOR, Íris (orgs), Festa: cultura e sociabilidade na América
Portuguesa, São Paulo Edusp, Fapesp, 2001; RICUPERO, Bernardo. O romantismo e a idéia de nação
no Brasil (1830 – 1870). São Paulo: Martins Fontes, 2004.