Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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EMBATES DISCURSIVOS ENTRE A SANTA SÉ E LEONARDO BOFF
Leonir Nardi
Mestrando em História Social pelo Programa de Pós-Graduação em História Social
da Universidade Estadual de Londrina
Leonir.nardi@pucpr.br
RESUMO: Usando como base teórica as categorias de discurso e poder em Foucault, a proposta
é abrir um espaço de debate sobre o conflito entre a Santa Sé e Leonardo Boff tendo como foco
do problema os escritos contidos na obra ―Igreja: carisma e poder – ensaio de eclesiologia
militante‖, juntamente com algumas tendências da teologia da libertação defendidas por Leonardo
Boff. A temática percorre os caminhos dos embates discursivos entre a Santa Sé e Leonardo Boff
iluminados pela formulação teórica foucaultina de discurso e poder. Num primeiro momento, como
fundamentação teórica, o tema será abordado a partir dos escritos sobre discurso e poder de
Michel Foucault e alguns comentadores. Em seguida, a descrição do objeto de estudos e das
fontes. Depois veremos algumas tendências sócio-culturais e religiosas para entender o que foi o
Concílio Vaticano II. A intenção desta reflexão é para tornar compreensível e para mostrar que a
teologia da libertação tem certa identificação com algumas reflexões deste concílio. Como último
passo, será feita uma contextualização da obra, ―Igreja: carisma e poder – ensaios de uma
eclesiologia militante‖. Subjacente ao relato da obra apresentar-se-á os embates discursivos entre
a Santa Sé e Leonardo Boff. A reação da Santa Sé ao livro ―Igreja: carisma e poder – ensaio de
eclesiologia militante‖. Como resultado final, a pena aplicada ao autor de um tempo de silêncio
obsequioso.
PALAVRAS-CHAVES: embate, discurso, poder
O REFERENCIAL TEÓRICO DE ANÁLISE DOS EMBATES DISCURSIVOS ENTRE A SANTA
SÉ E LEONARDO BOFF
A) O DISCURSO E O PODER NA OBRA DE MICHEL FOUCAULT
Um dos temas centrais da obra de Foucault é o discurso. Para tornar compreensível o
termo, uma das modalidades que Foucault usa para análise do discurso é a arqueologia.
Arqueologia não entendida como geologia, mas sim entendida como análise do discurso na
modalidade arquivo. Partindo desta forma de análise, deparamo-nos com uma questão
metodológica do discurso: definir as regras da descrição arqueológica. As indicações elaboradas
por Foucault estão descritas nos escritos sobre a arqueologia do saber. Neste texto Foucault
define o discurso como o ―conjunto de enunciados que provém de um mesmo sistema de
formação; deste modo se poderia falar de discurso clínico, discurso econômico, discurso da
história natural, discurso psiquiátrico‖ 1 . Portanto, ―O discurso está constituído por um número
1 CASTRO, Edgardo. Vocabulário de Foucault – Um percurso pelos seus temas, conceitos e autores. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2009. p. 117