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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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apropria<strong>do</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que garantisse estabilida<strong>de</strong> e segurança para o <strong>de</strong>senvolvimento das<br />

ativida<strong>de</strong>s humanas.<br />

Khaldun, portanto, transitava entre esses diferentes po<strong>de</strong>res em sua época, certamente<br />

ten<strong>do</strong> a consciência <strong>de</strong> que nenhum <strong>de</strong>les teria uma longa duração. O governo <strong>de</strong> Granada teve<br />

sua manutenção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s governos norte-africanos, principalmente no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Muhammad V (1354-59 e 1362-91), mas além disso este sultão <strong>de</strong>pendia da ação eficaz <strong>de</strong> seu<br />

vizir Ibn Al-Khatib. O governo <strong>do</strong>s Marínidas alcançou seu apogeu em conquistas sob o sultanato<br />

<strong>de</strong> Al-Hasan (1331-1348) e sua política <strong>de</strong> expansão foi plena <strong>de</strong> conquistas, pois seus<br />

sucessores continuaram a política <strong>de</strong> ataque ora aos Hafsidas, ora ao sultanato <strong>de</strong> Tlemcen. O<br />

sultanato <strong>de</strong> Tlemcen, coagi<strong>do</strong> por estar no Magreb Central, teve nas mãos austeras <strong>de</strong> Abu<br />

Hammu (1359-1389) sua <strong>de</strong>fesa e seu <strong>de</strong>stino (a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> se apo<strong>de</strong>rar <strong>do</strong> reino <strong>de</strong> Bujaya), o<br />

qual paulatinamente foi sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>grada<strong>do</strong> por marínidas, hafsidas e tribos nôma<strong>de</strong>s com certo<br />

po<strong>de</strong>r (muitas vezes sen<strong>do</strong> agregadas pelos sultanatos <strong>de</strong> maior expressão).<br />

Os Hafsidas, governo sob o qual Khaldun nasceu e passou a sua a<strong>do</strong>lescência, foi<br />

instaurada por Abu Zakariyya (1228-1249). Des<strong>de</strong> então, a dinastia hafsida <strong>de</strong> Túnis começou a<br />

receber os andaluzes emigra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Al-Andaluz e forjou to<strong>do</strong> um aparato político-militar similar ao<br />

que era exerci<strong>do</strong> na Península Ibérica. Os mamelucos, por sua vez, representaram o símbolo <strong>de</strong><br />

resistência <strong>do</strong> islamismo no Norte <strong>de</strong> África. O reina<strong>do</strong> <strong>de</strong> Baybars assegurou e legitimou, por fim,<br />

sua existência e força, principalmente na luta contra os cruza<strong>do</strong>s. Já o sultão Malik Al-Daher<br />

Barquq (1382-1399, com interrupções) <strong>de</strong> origem circasiana colocou sob seu governo Khaldun<br />

como o Gran<strong>de</strong> Cádi Malikita e foi o último governo estável antes da intensiva ameaça otomana<br />

que <strong>de</strong>sestruturou a política mameluca.<br />

Compreen<strong>de</strong>r esse momento histórico é fundamental para tornar ainda mais inteligível o<br />

perío<strong>do</strong> Medieval, pois o espaço geográfico a que <strong>de</strong>nominamos Oci<strong>de</strong>nte esteve sempre atento e<br />

manten<strong>do</strong> contato com os sultanatos aqui <strong>de</strong>scritos. De fato, o Norte <strong>de</strong> África é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

território pertencente ao ―mun<strong>do</strong> muçulmano‖ <strong>de</strong>ntro das divisões instituídas por uma erudição<br />

hoje revista e <strong>de</strong>batida, pois <strong>de</strong>sejamos ampliar nossas visões acerca <strong>do</strong> contato entre regiões. O<br />

Norte <strong>de</strong> África e seu próprio continente, a África, manteve com os europeus relações<br />

econômicas, políticas e culturais por muito tempo e, portanto, esse intenso contato <strong>de</strong> integração<br />

<strong>de</strong>ve ser valoriza<strong>do</strong> como parte importante da História Medieval.<br />

Ao trabalho <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r, é a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e necessário um olhar atento à época na qual o<br />

autor, nesse caso Ibn Khaldun, escreveu sua obra – hoje um fonte histórica. Po<strong>de</strong>mos, <strong>de</strong>ssa<br />

forma, entrever em sua proposta historiográfica elementos que <strong>de</strong>notem suas idéias e<br />

preocupações sobre o mun<strong>do</strong> em que vivia.

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