14.10.2014 Views

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

651<br />

[...] Através <strong>de</strong> seus quadros, crucifixos, santas ou esculturas, aponta<br />

aqueles/as que <strong>de</strong>verão ser mo<strong>de</strong>los e permite, também, que os sujeitos<br />

se reconheçam (ou não) nesses mo<strong>de</strong>los. O prédio escolar informa a<br />

to<strong>do</strong>s/as a sua razão <strong>de</strong> existir. Suas marcas, seus símbolos e arranjos<br />

arquitetônicos ―fazem senti<strong>do</strong>‖, instituem múltiplos senti<strong>do</strong>s, constituem<br />

distintos sujeitos [...]. 13<br />

Por fim, o contexto escolar não apenas <strong>de</strong>fine as representações hegemônicas, mas<br />

estabelecem as diferenças, as hierarquias e as qualificações valorativas das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s.<br />

Cabe ao ensino <strong>de</strong> história, com sua multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes e linguagens <strong>de</strong> produção <strong>do</strong><br />

saber histórico, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua função social, suscitar questões a respeito da produção <strong>de</strong><br />

representações (i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s sociais), tanto coletivas como individuais, para que assim dê<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstrução e construção, como nos coloca Lana Mara <strong>de</strong> Castro Siman , e<br />

incluin<strong>do</strong> assim, os próprios significa<strong>do</strong>s que os sujeitos constroem a respeito <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em que<br />

vivem, <strong>de</strong> suas heranças passadas e <strong>de</strong> seus projetos futuros.<br />

E neste senti<strong>do</strong> a atuação <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> História se faz imprescindível ao lidar com o fato<br />

que o laboratório <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r se constitui no imaginário e se estabelece nas narrativas. Os<br />

alunos possuem suas próprias representações sobre o mun<strong>do</strong>, neste caso enten<strong>de</strong>mos que se<br />

incluem genro e sexualida<strong>de</strong>, e que são construídas através <strong>de</strong> memórias transmitidas <strong>de</strong> seu<br />

próprio grupo social ou veículos difusores <strong>de</strong> memórias sociais. Essas memórias que os alunos<br />

possuem se reconstruídas através da ação <strong>do</strong> professor <strong>de</strong> história com certeza po<strong>de</strong>rão ir além<br />

<strong>do</strong> senso comum produzin<strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong> forma instigante e questiona<strong>do</strong>ra.<br />

Existe entre estes <strong>do</strong>is agentes <strong>do</strong> conhecimento (o professor e o aluno) uma<br />

cumplicida<strong>de</strong>, ou para Siman, uma dialogia, on<strong>de</strong> o professor e o aluno constroem o<br />

conhecimento em sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> forma recíproca, numa (...) ação inteiramente persuasiva,<br />

pautada na ―contra palavra‖ e somente se completa na presença <strong>de</strong> outrem, visto que o discurso é<br />

forma<strong>do</strong> por ―meta<strong>de</strong> nossa e meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> outro‖.<br />

Assim, enten<strong>de</strong>mos que as questões <strong>de</strong> gênero e sexualida<strong>de</strong> não se somente na prática<br />

escolar não se limitaria apenas ao ambiente em que ela opera, mas também no cotidiano familiar,<br />

nas experiências humanas e nas intenções que se mesclam e acabam por projetar uma<br />

representação <strong>de</strong> uma época histórica e inserin<strong>do</strong>-se na própria <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>. Esse agir intencionalmente segun<strong>do</strong> Jörn Rüsen 14 , ―cria símbolos, representações que<br />

superam o limite da própria vida‖ po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> assim perpetuar memórias.<br />

Por fim, acredito que não se po<strong>de</strong> pensar e repensar a sexualida<strong>de</strong> sem discutir os papéis<br />

sociossexuais e ter a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se repensar a apreensão da realida<strong>de</strong> sociocultural na qual<br />

a sexualida<strong>de</strong> se insere, como fator potencialmente transforma<strong>do</strong>r da socieda<strong>de</strong>.<br />

13 LOURO, Guacira Lopes. Corpo, Gênero e Sexualida<strong>de</strong>. Petrópolis: Ed. Vozes. 2003. p. 58.<br />

14 RÜSEN, Jörn. Didática - funções <strong>do</strong> saber histórico. In: História Viva: teoria da História, formas e funções<br />

<strong>do</strong> conhecimento histórico. Trad. Estevan <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong> Martins. Brasília: Editora Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília,<br />

2007.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!