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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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à sua efetivação‖ (CAMPISTA FILHO, 1955, p. 443). Esses meios ilegítimos, para se conseguir<br />

algo por vezes legítimo, se constituiriam principalmente no <strong>de</strong>srespeito a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho<br />

quan<strong>do</strong> ocorriam atos <strong>de</strong> violência para forçar a a<strong>de</strong>são da coletivida<strong>de</strong>.<br />

O autor escreveu ainda sobre o perigo que representava a ―influência das massas que<br />

<strong>de</strong>sempenham papel prepon<strong>de</strong>rante no mun<strong>do</strong> atual, inspiran<strong>do</strong> a certos autores sustentarem que<br />

a era das massas significa o <strong>de</strong>clínio da civilização, ou o retorno à primitivida<strong>de</strong>‖ (CAMPISTA<br />

FILHO, 1955, p. 446). A massa social, na concepção <strong>do</strong> autor, se distinguiria pela ausência <strong>de</strong><br />

diferenciação individual, <strong>de</strong> iniciativa, <strong>de</strong> originalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> consciência.<br />

A massa julga quantida<strong>de</strong> e não qualida<strong>de</strong>; e quan<strong>do</strong> julga impulsionar, é apenas<br />

impulsionada, intervém no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za física, composta, embora, <strong>de</strong><br />

seres vivos, que não passam <strong>de</strong> simples unida<strong>de</strong>s estáticas e que se resolvem em<br />

números. Não é ativa, mas puramente receptiva, e não agin<strong>do</strong>, satisfaz-se em<br />

reagir. (CAMPISTA FILHO, 1955, p. 446).<br />

A influência das massas se formaria e se avultaria pela ação impregnada das<br />

características das multidões, assim como indicou Gustave Le Bon: ―a impulsivida<strong>de</strong>, a<br />

irritabilida<strong>de</strong>, ausência <strong>de</strong> julgamento e <strong>de</strong> espírito crítico‖ (CAMPISTA FILHO, 1955, p. 446).<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, ―a multidão aparece como a ressurreição <strong>de</strong> uma horda primitiva, porquanto se<br />

<strong>de</strong>sanuvia inteiramente a personalida<strong>de</strong> consciente per<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se a vonta<strong>de</strong> e o discernimento‖<br />

(CAMPISTA FILHO, 1955, p. 446). De acor<strong>do</strong> com o autor, haveria um hipnotiza<strong>do</strong>r que orientaria<br />

os sentimentos e os pensamentos das chamadas massas.<br />

As massas geram o pavor <strong>do</strong>s cegos elementos em fúria, produzin<strong>do</strong> o terror<br />

crescente na abstração das ameaças sinistras e o terror implacável da imensida<strong>de</strong><br />

infinita <strong>do</strong> número. Certas unida<strong>de</strong>s, puras, simples, inócuas, são capazes <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar calamida<strong>de</strong>s quan<strong>do</strong> assumem o incomensurável – tais como a<br />

nuvem <strong>de</strong> gafanhotos e a invasão <strong>de</strong> formigas carrega<strong>de</strong>iras (CAMPISTA FILHO,<br />

1955, p. 446)<br />

De acor<strong>do</strong> com Campista Filho, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a essas características das massas, estas<br />

po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>terminar as greves as quais tinham o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> influenciar outras pessoas, como um<br />

germe que contaminava a to<strong>do</strong>s. O local privilegia<strong>do</strong> para a propagação <strong>de</strong>sse mal seriam as<br />

associações sindicais, nas quais se conseguia a a<strong>de</strong>são e propagação <strong>do</strong> movimento grevista.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, estas <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas elementos extremistas interessa<strong>do</strong>s na perturbação<br />

da or<strong>de</strong>m, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> se prevenir <strong>de</strong>sse mal através <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> vigilância. Ainda para o<br />

autor,<br />

A influência resultante das atitu<strong>de</strong>s das massas que refletem as <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> econômico, ten<strong>de</strong>nte à potencialida<strong>de</strong> cada vez maior, escapa, todavia, à<br />

consciência e discernimento <strong>do</strong>s próprios interessa<strong>do</strong>s. Cada qual sabe que suas<br />

exigências chegarão a termo satisfatório à medida que pela sugestão logre abrir<br />

caminho a toque <strong>de</strong> propaganda que, por conquistar a solidarieda<strong>de</strong>, incute à<br />

massa força invencível (CAMPISTA FILHO, 1955, p. 447).<br />

Por meio da propaganda, meio para difundir os movimentos, o indivíduo, na concepção <strong>do</strong><br />

autor, não mais discerniria entre o verda<strong>de</strong>iro e o falso, regredin<strong>do</strong> ao esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> selvageria e<br />

bestialida<strong>de</strong>. Através da generalização <strong>do</strong> me<strong>do</strong>, criava-se uma atmosfera <strong>de</strong>sfavorável a acalmar

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