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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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Importante ressaltar o estilo científico elabora<strong>do</strong> por Vianna para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r suas idéias e<br />

análises, lançan<strong>do</strong> mão <strong>de</strong> <strong>do</strong>is conceitos próprios à química: ―fusão‖ e ―diluição‖ – para analisar<br />

um fenômeno sociológico. Como se não bastasse, corrobora também a partir <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s<br />

estatísticos e chega a conclusão <strong>de</strong> que seria possível o surgimento <strong>de</strong> uma nova ―substância‖, ou<br />

neste caso, <strong>de</strong> uma nova ―raça‖, apagan<strong>do</strong> os rastros <strong>do</strong>s elementos anteriores. Assim, justificava<br />

cientificamente a tese <strong>de</strong> branqueamento o que embasaria futuras <strong>de</strong>cisões políticas voltadas um<br />

tipo i<strong>de</strong>al e <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> <strong>de</strong> homem que, afinal, iria contribui para a construção <strong>do</strong> país:<br />

Fusão e diluição, duas reações químicas em que os elementos<br />

postos em contato per<strong>de</strong>m suas características originais tornan<strong>do</strong>-se uma<br />

outra substância. A imensa massa territorial brasileira assimilada à imagem<br />

<strong>do</strong> melting-pot ou cadinho, como receptáculo <strong>de</strong>ssa reação modifica<strong>do</strong>ra,<br />

em clara <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> seu recorrente recurso estético a imagens<br />

relacionadas às ciências em apoio <strong>de</strong> uma tese política. Mesmo em artigos<br />

para divulgação <strong>de</strong> idéias e posições relativas à questão das ‗raças‘<br />

forma<strong>do</strong>ras da população brasileira... (BRESCIANI, 2005, p.281).<br />

O caráter eugênico também está presente em Oliveira Vianna pois ele acreditava que o<br />

fator ambiental era <strong>de</strong>terminante pois, ao ―penetrar em um ambiente novo‖ características raciais<br />

po<strong>de</strong>riam sofrer alterações. Assim afirmava que:<br />

Na seleção das nossas matrizes étnicas não nos basta, pois, levar em<br />

conta o índice eugenístico das várias raças nos seus habitats <strong>de</strong> origem. O<br />

eugenismo, que uma <strong>de</strong>terminada raça revela no seu meio originário, po<strong>de</strong><br />

sofrer alterações quan<strong>do</strong> ele penetra em meio novo, estranho à sua<br />

biologia. Não seria mesmo absur<strong>do</strong> supor que raças ou indivíduos<br />

<strong>de</strong>stituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> eugenismo possam, sob a ação <strong>de</strong>sequilibra<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> novo<br />

habitat, revelar imprevistas qualida<strong>de</strong>s eugenísticas. Ou então, o contrário<br />

disto: raças ou indivíduos <strong>de</strong> alto teor eugenístico num certo meio, ao<br />

transplantarem-se para outros muito diferentes, revelarem uma imprevista<br />

diminuição no seu índice <strong>de</strong> eugenismo. Esta última transmutação, aliás,<br />

parece ser fato freqüente entre os indivíduos <strong>de</strong> raças germânicas, quan<strong>do</strong><br />

fixa<strong>do</strong>s em meios caracteristicamente tropicais (OL<strong>IV</strong>EIRA VIANNA, 1959,<br />

p. 159).<br />

Ao analisar ―Raça e Assimilação‖, Jair <strong>de</strong> Souza Ramos enfatiza alguns elementos<br />

importantes, como a interlocução entre o discurso racista e a abordagem cientificista. Seu méto<strong>do</strong><br />

consiste em colocar Oliveira Vianna em diálogo com <strong>do</strong>is contemporâneos, a saber: os médicos<br />

Arthur Ramos e Roquette-Pinto. O bacharel <strong>de</strong> direito criticaria a posição médica que tentava<br />

encontrar na heterogeneida<strong>de</strong>, na miscigenação, um valor positivo da socieda<strong>de</strong> brasileira,<br />

argumentos que ganharam bastante força a partir das décadas <strong>de</strong> 1920 e 1930. Ramos também<br />

afirma que ao fazer sua análise sobre as raças, Oliveira Vianna no binarismo étnico índios e<br />

negros (dividin<strong>do</strong>-os em ―ciclói<strong>de</strong>s‖ e ―esquizói<strong>de</strong>s‖), e afirma que Vianna não teria aporte<br />

suficiente para fazer a mesma distinção na raça branca.<br />

Outra crítica importante que Oliveira Vianna fez, diz respeito ao sistema cadastral <strong>do</strong> censo<br />

e ao critério classificatório <strong>de</strong> raça nele utiliza<strong>do</strong>. Tal divisão classificava as pessoas como:<br />

brancas, negras, amarelas e vermelhas. Ele afirmava que essa classificação <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rava a

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