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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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palavras <strong>de</strong> Hingley, elas po<strong>de</strong>riam ser combinadas para <strong>de</strong>senvolver uma concepção nacionalista<br />

da gran<strong>de</strong>za contemporânea. Isto tinha um significa<strong>do</strong> particular no contexto da Inglaterra <strong>do</strong> final<br />

<strong>do</strong> século XIX e início <strong>do</strong> XX. 18<br />

A conquista e ocupação romana <strong>do</strong> su<strong>de</strong>ste da Britânia iniciaram-se em 43 d. C. e duraram<br />

até o princípio <strong>do</strong> quinto século. Segun<strong>do</strong> o autor, a efígie <strong>de</strong> Roma formou um conjunto útil <strong>de</strong><br />

referências históricas tanto para os ingleses como para outras nações, em parte, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao seu<br />

impacto direto na história <strong>do</strong>méstica <strong>de</strong>ssa região. Os antigos relatos históricos que confirmaram o<br />

caráter <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>r da invasão Anglo-Saxônica na Britânia pós-romana, no entanto, criaram um<br />

forte mito da origem racial teutônica para os ingleses durante o século XIX. A missão <strong>do</strong> Império<br />

Romano em alguns trabalhos <strong>de</strong> literatura passaram a retratar a transmissão da civilização<br />

clássica e cristanda<strong>de</strong> para antigos bretões, que então, formavam uma parte importante da origem<br />

racial mista da população inglesa mo<strong>de</strong>rna. Neste senti<strong>do</strong>, a herança romana também serviu para<br />

retratar as classes inglesas educadas como sucessoras da elite imperial romana. 19<br />

Durante o final <strong>do</strong> século XIX e início <strong>do</strong> XX, foram produzi<strong>do</strong>s vários trabalhos populares<br />

relaciona<strong>do</strong>s à origem <strong>do</strong> inglês. Cientistas naturais, geógrafos e antropólogos procuravam usar<br />

as necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> império para justificar a expansão <strong>do</strong> ensino e pesquisa em seus campos <strong>de</strong><br />

investigação neste perío<strong>do</strong>. De acor<strong>do</strong> com Hingley, assim como objetos que eram <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s por<br />

ama<strong>do</strong>res passaram a ter um caráter acadêmico crescente da<strong>do</strong> por estudiosos, estruturas para<br />

carreiras começaram a existir. Neste senti<strong>do</strong>, a Arqueologia Romana, sob influência <strong>de</strong> Francis<br />

Haverfield, foi um <strong>do</strong>s objetos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s que conseguiram credibilida<strong>de</strong> acadêmica. Para o autor,<br />

a relevância imperial da Arqueologia Romana foi resulta<strong>do</strong>, em parte, da visão <strong>de</strong> Haverfield sobre<br />

o valor da ―Romanização‖ para a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> caráter inglês. Esta foi utilizada para ajudar a<br />

corrigir uma primeira imagem que sugeria que um pouco da civilização romana fora transmitida<br />

para os antigos bretões. Esta idéia foi alcançada a partir <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um significa<strong>do</strong> no<br />

qual civilização era ti<strong>do</strong> como algo que po<strong>de</strong>ria ser transferi<strong>do</strong>. Nas palavras <strong>do</strong> autor:<br />

(...) A Romanização estava baseada em uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> oposição<br />

binária entre nativos bárbaros e romanos civiliza<strong>do</strong>s – era o processo pelo<br />

qual o bretão (ou europeu) não civiliza<strong>do</strong> alcançava a civilização. 20<br />

A teoria da romanização se encaixa em um contexto no qual, muitos escritores populares e<br />

políticos estavam buscan<strong>do</strong> uma continuida<strong>de</strong> nas imagens da vida nacional inglesa. Por meio<br />

<strong>de</strong>ste processo <strong>de</strong> civilização, passava-se a idéia <strong>de</strong> que Roma teria transmiti<strong>do</strong> seu próprio<br />

espírito imperial para os ingleses. A civilização, religião e habilida<strong>de</strong> imperial inglesa foram<br />

traçadas in<strong>do</strong> ao encontro <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> romano <strong>de</strong> maneira que os nativos da Britânia romana<br />

sempre foram vistos como ten<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> a civilização romana e a melhora<strong>do</strong>, em um gran<strong>de</strong><br />

18 I<strong>de</strong>m, p. 32.<br />

19 I<strong>de</strong>m, p. 32-33.<br />

20 I<strong>de</strong>m, p.33-34. O trabalho <strong>de</strong> Haverfield proporcionou a base que irá ser chamada interpretação<br />

―progressiva‖ da romanização. (Hingley 1996, 2000)

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