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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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615<br />

pouco explorada. Tida como a pioneira nos estu<strong>do</strong>s sobre os cristãos-novos no Brasil, a<br />

historia<strong>do</strong>ra Anita Novinsky 31 em seus primeiros estu<strong>do</strong>s sobre o processo migratório <strong>do</strong>s ju<strong>de</strong>us<br />

conversos na América Portuguesa, já apontava para tal fato. De acor<strong>do</strong> com ela, as razões que<br />

levaram ao estabelecimento <strong>de</strong> cristãos-novos na região nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> país, não foram muito<br />

diferentes daquelas que provocaram a migração para a região <strong>do</strong> ouro 32 .<br />

Por <strong>de</strong> trás das ativida<strong>de</strong>s exercidas pelos cristãos-novos no Brasil enquanto colônia,<br />

muitos elementos culturais e religiosos – se codifica<strong>do</strong>s - po<strong>de</strong>m revelar uma a existência <strong>de</strong> uma<br />

memória histórica que legitima a importância <strong>de</strong> se estudar a presença <strong>de</strong>sses personagens na<br />

construção <strong>do</strong> Brasil.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Partin<strong>do</strong> da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que existe uma história viva que se perpetua ou se renova através <strong>do</strong><br />

tempo, esse estu<strong>do</strong> tem como objetivo, em relação à presença <strong>do</strong> cristão-novo no Brasil Colonial,<br />

evitar que os traços <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong>s pela sua cultura na socieda<strong>de</strong> brasileira sejam apaga<strong>do</strong>s 33 .<br />

Os ju<strong>de</strong>us fazem parte da história <strong>do</strong> Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Descobrimento, até <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio<br />

holandês, passan<strong>do</strong> pela in<strong>de</strong>pendência e chegan<strong>do</strong> aos nossos dias, por meio <strong>de</strong> seus<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, assimila<strong>do</strong>s no meio <strong>do</strong> povo e da cultura brasileira.<br />

Como aponta<strong>do</strong> anteriormente, a pesquisa histórica no Brasil passou por gran<strong>de</strong><br />

renovação entre as décadas <strong>de</strong> 1970, 1980 e 1990 rompen<strong>do</strong> com verda<strong>de</strong>s estabelecidas. Por<br />

meio <strong>de</strong> tal prática, o espírito crítico e criativo <strong>do</strong> aluno po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> ajudan<strong>do</strong>-o a<br />

compreen<strong>de</strong>r melhor a História das socieda<strong>de</strong>s em diferentes tempos e espaços. Se a condição<br />

para a pesquisa e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ensino é a articulação com o lugar, então a distância<br />

existente entre o saber acadêmico e o saber escolar não faz senti<strong>do</strong>. Na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vemos<br />

pensar que as próprias exclusões, relegações e marginalizações, constituem uma rica varieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> especulações históricas 34 .<br />

Sobre a forte influência etno-cultural na vida nacional, po<strong>de</strong>-se dizer que a presença <strong>do</strong><br />

cristão-novo ―fertilizou o cotidiano através <strong>de</strong> alguns símbolos, personagens e valores éticos em<br />

quantida<strong>de</strong>s suficientes para consi<strong>de</strong>rá-los como um <strong>do</strong>s substratos importantes da formação<br />

31 NOVINSKY, Anita. Cristãos-novos na Bahia: a inquisição. São Paulo: Perspectiva, 1992.<br />

32 O interesse pelo ouro também teria leva<strong>do</strong> ao aparecimento <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s, pelas quais os cristãosnovos<br />

se enveredaram revelan<strong>do</strong> uma verda<strong>de</strong>ira interação social fosse como cria<strong>do</strong>res <strong>de</strong> ga<strong>do</strong>, suprin<strong>do</strong><br />

toda a região; como médicos; advoga<strong>do</strong>s; etc. NOVINSKY, Anita. Ser marrano em Minas Colonial. In:<br />

Revista Brasileira <strong>de</strong> História, São Paulo, ANPUH/ Humanitas Publicações, vol.21, n o 40, p. 161-176. 2001.<br />

33 Para Foucault em A or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> discurso, A história há muito tempo não procura mais compreen<strong>de</strong>r os<br />

acontecimentos por um jogo <strong>de</strong> causas e efeitos na unida<strong>de</strong> informe <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>vir, vagamente<br />

homogêneo ou rigidamente hierarquiza<strong>do</strong>; mas não. É para reencontrar estruturas anteriores, estranhas,<br />

hostis ao acontecimento. É para estabelecer as séries diversas, entrecruzadas, divergentes muitas vezes,<br />

mas não autônomas, que permitem circunscrever o "lugar" <strong>do</strong> acontecimento, as margens <strong>de</strong> sua<br />

contingência, as condições <strong>de</strong> sua aparição. (FOUCAULT, 2001, p.22)<br />

34 GALLAGHER; GREENBLATT, Op. cit: 96.

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