14.10.2014 Views

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

440<br />

viesse a ter, manten<strong>do</strong> o mesmo em um jogo <strong>de</strong> regras matemáticas, além <strong>de</strong> se apresentar como<br />

―[...] excessivamente formalista, impessoal e nitidamente antinacionalista‖. 36<br />

O conflito que se estabeleceu durante a década <strong>de</strong> 1940 foi entre esse novo grupo <strong>de</strong><br />

jovens alunos, que Koellreutter conseguiu reunir em torno <strong>de</strong> si, e a antiga geração <strong>de</strong> músicos<br />

engaja<strong>do</strong>s no projeto nacionalista i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> por Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> Egg, havia surgi<strong>do</strong>,<br />

com esses jovens alunos como César Guerra-Peixe e Cláudio Santoro, uma nova concepção da<br />

idéia <strong>de</strong> nacionalismo, não mais apenas sobrevalorizan<strong>do</strong> o folclore brasileiro, mas sim <strong>de</strong>dican<strong>do</strong><br />

uma importância às técnicas <strong>de</strong> vanguarda, à música contemporânea e à nova música popular<br />

urbana:<br />

O grupo Música Viva passou a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r um novo nacionalismo, basea<strong>do</strong> na<br />

pesquisa científica <strong>do</strong> folclore para compreensão <strong>de</strong> sua estrutura técnica<br />

(Santoro) e na assimilação da nova música popular urbana (Guerra Peixe).<br />

Folclore e música popular urbana <strong>de</strong>veriam, na ótica <strong>de</strong>stes <strong>do</strong>is compositores, ser<br />

<strong>de</strong>vidamente reelabora<strong>do</strong>s mediante uma lógica composicional coerente e com<br />

técnicas atualizadas. 37<br />

Nesse senti<strong>do</strong> não houve uma negação da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se produzir uma música<br />

nacional; a questão que estava colocada era <strong>de</strong> que forma ela seria feita. Para Egg, as críticas <strong>de</strong><br />

Guerra-Peixe e Santoro:<br />

[...] à relação <strong>do</strong>s compositores nacionalistas com o folclore eram motivadas por<br />

uma tentativa <strong>de</strong> re<strong>de</strong>finir o nacionalismo musical em novas bases no País. O<br />

conflito aberto por eles não era um conflito contra o nacionalismo musical, mas um<br />

conflito <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> nacionalismo musical. 38<br />

Esses músicos encontraram através das aulas <strong>de</strong> Koellreutter a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> romper<br />

com um aca<strong>de</strong>micismo, segun<strong>do</strong> eles, ―[...] estéril e <strong>de</strong>sliga<strong>do</strong> da realida<strong>de</strong> local [...]‖ 39 ,<br />

fundamenta<strong>do</strong> em antigas tradições, e <strong>de</strong> buscar uma formação mais livre e flexível no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

incorporar novas tendências estéticas à sua música, re<strong>de</strong>finin<strong>do</strong> o conceito <strong>de</strong> nacionalismo<br />

musical. Estes compositores vinculavam suas fundamentações i<strong>de</strong>ológicas a <strong>de</strong>terminadas<br />

técnicas musicais; portanto, era através da linguagem musical que <strong>de</strong>finiam e posicionavam seus<br />

pressupostos i<strong>de</strong>ológicos referente ao nacionalismo no Brasil. Po<strong>de</strong>-se dizer, assim, que para<br />

além <strong>de</strong> uma discussão sobre teoria e estética musical, esses eventos tratam <strong>do</strong> embate entre<br />

diferentes projetos <strong>de</strong> nacionalida<strong>de</strong> entre grupos <strong>de</strong> indivíduos que cada qual ao seu mo<strong>do</strong>,<br />

procuravam legitimar a construção <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, é importante termos em mente que os diferentes discursos, analisa<strong>do</strong>s<br />

pelos historia<strong>do</strong>res André Egg e Arnal<strong>do</strong> D. Contier, foram construí<strong>do</strong>s em contextos distintos e,<br />

36 CONTIER, loc. cit.<br />

37 EGG, André. O grupo Música Viva e o Nacionalismo musical. In: <strong>Anais</strong>, III Fórum <strong>de</strong> pesquisa científica<br />

em arte. Escola <strong>de</strong> Música e Belas Artes <strong>do</strong> Paraná. Curitiba. 2005. p. 69.<br />

38 Ibid., loc. cit.<br />

39 Ibid., p. 65.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!