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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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327<br />

Destarte, já consi<strong>de</strong>ramos acima que Tole<strong>do</strong> é uma cida<strong>de</strong> colonizada a partir <strong>de</strong> 1946 por<br />

italianos e alemães vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e santa Catarina inserida na conjuntura acima<br />

<strong>de</strong>scrita, porém, com diversos fatores que são <strong>de</strong> extrema importância a i<strong>de</strong>ntificação. Em Tole<strong>do</strong><br />

busca-se cultuar ainda hoje a memória pública <strong>de</strong>stes coloniza<strong>do</strong>res mesmo após um fluxo<br />

heterogêneo <strong>de</strong> migração vinda <strong>de</strong> outros lugares <strong>do</strong> país. Para enten<strong>de</strong>r Alguns valores e<br />

práticas da coloniza<strong>do</strong>ra MARIPÁ <strong>do</strong> extremo oeste <strong>do</strong> Paraná Davi Felix Schreiner afirma que<br />

Tole<strong>do</strong>:<br />

Segun<strong>do</strong> o projeto <strong>de</strong> colonização da MARIPÁ, a preferência por estas<br />

etnias <strong>de</strong>u-se por serem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> ―mão <strong>de</strong> obra<br />

esmeralda‖ e <strong>de</strong> ―maior valor produtivo‖. Além disso, ainda segun<strong>do</strong> esse<br />

projeto <strong>de</strong> colonização , o agricultor ―... <strong>de</strong>scen<strong>de</strong> <strong>de</strong> imigrantes <strong>de</strong> italianos<br />

e alemães , com mais <strong>de</strong> cem anos <strong>de</strong> aclimatação no País, conhece<strong>do</strong>r<br />

<strong>de</strong> nossas matas, <strong>do</strong>as nossos produtos agrícolas e pastoris, prima<strong>do</strong> pela<br />

sua operosida<strong>de</strong> e pelo seu amor a terra em que trabalha, seria, (...), o<br />

elemento humano pre<strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a realizar gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sta tarefa‖. Ou<br />

seja, a tarefa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a cultura e a economia da região. 2<br />

Fica evi<strong>de</strong>nte também no trabalho <strong>de</strong> Schreiner, (embora o mesmo não explora este eixo)<br />

uma preocupação com o ―outro‖. Quem é este outro? O migrante que não esta nos planos da<br />

coloniza<strong>do</strong>ra, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> já uma relação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e alterida<strong>de</strong> nas palavras <strong>do</strong> autor:<br />

A escolha <strong>de</strong> um tipo específico <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra com características<br />

culturais comuns, pressupõe a exclusão <strong>de</strong> outros. Nesta perspectiva, a<br />

MARIPÁ ―não fazia propaganda rui<strong>do</strong>sa‖ porque, segun<strong>do</strong> seu projeto <strong>de</strong><br />

colonização, ―atrairia eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong> aventureiros e parasitas que nela<br />

se entreveriam um meio <strong>de</strong> vida fácil as suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sonestas. Seria<br />

bom retardar o máximo possível a penetração <strong>de</strong>sses elementos para<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um setor novo e são‖. Em última análise o que a empresa<br />

procura resguardar é o <strong>de</strong>senvolvimento econômico e cultural que na sua<br />

visão só po<strong>de</strong> acontecer com ―homens sans‖ (sic). 3<br />

O autor <strong>de</strong>monstra também em seu livro a formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>do</strong> trabalho no<br />

extremo oeste <strong>do</strong> Paraná, ou seja, o culto á uma memória e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong> como a cida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> trabalho, primeiramente volta<strong>do</strong> ao espaço rural e posteriormente com a urbanização e o êxo<strong>do</strong><br />

rural uma adaptação da mesma para o espaço urbano, pois, na década <strong>de</strong> 70 e 80 com o<br />

processo <strong>de</strong> mecanização da agricultura, várias famílias se obrigam a ven<strong>de</strong>r suas proprieda<strong>de</strong>s e<br />

migrar para a cida<strong>de</strong> em busca <strong>de</strong> emprego. Nesse momento também há uma intensificação <strong>do</strong><br />

processo <strong>de</strong> industrialização e uma modificação na estrutura e nos valores das famílias,<br />

<strong>de</strong>marcan<strong>do</strong> a inserção da mulher no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho. Além disso, uma nova difusão <strong>de</strong><br />

concepção <strong>de</strong> trabalho é construída <strong>de</strong> forma que se adéqüe as novas realida<strong>de</strong>s da<br />

industrialização; Nesta época a imprensa apresenta Tole<strong>do</strong> como a ―Capital <strong>do</strong> trabalho‖.<br />

2 (SCHREINER, 1997; P. 66, 67).<br />

3 (SCHREINER, 1997; p.70)

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