14.10.2014 Views

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

199<br />

No momento <strong>de</strong> criação da marinha brasileira esta estrutura foi usada como base para a<br />

criação <strong>do</strong> aparato administrativo da Marinha <strong>de</strong> Guerra Imperial. Também foram confisca<strong>do</strong>s os<br />

navios portugueses que se encontravam no Brasil no momento <strong>do</strong> <strong>de</strong>sligamento com Portugal,<br />

forman<strong>do</strong>-se, assim, a primeira força naval brasileira.<br />

Em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>ste novo Esta<strong>do</strong> que se forjava foi <strong>de</strong>terminante a ação <strong>de</strong>ssas forças<br />

armadas que foram criadas junto com o novo governo estabeleci<strong>do</strong>. Os territórios que eram <strong>de</strong><br />

jurisdição portuguesa na América <strong>do</strong> Sul, aos poucos foram a<strong>de</strong>rin<strong>do</strong> ao novo Esta<strong>do</strong>, porém não<br />

foram to<strong>do</strong>s. As províncias da Bahia, Maranhão e Pará preferiram permanecer ligadas ao Reino<br />

<strong>de</strong> Portugal, ao invés <strong>de</strong> se aliarem ao Rio <strong>de</strong> Janeiro 11 , e na Cisplatina, que apesar <strong>de</strong> ter<br />

a<strong>de</strong>ri<strong>do</strong> oficialmente ao novo regime, as forças portuguesa que estavam estacionadas no local<br />

recusaram-se a retirar-se. A luta pela integração <strong>de</strong>stes territórios ao Império <strong>do</strong> Brasil ficou<br />

conhecida como Guerra <strong>de</strong> In<strong>de</strong>pendência.<br />

Estava em jogo não somente os interesses territoriais, mas também a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s pilares<br />

sobre os quais se ergueram o governo estabeleci<strong>do</strong>: a monarquia e a escravidão. In<strong>do</strong> na<br />

contramão <strong>do</strong> restante <strong>do</strong>s territórios americanos, o Império <strong>do</strong> Brasil é o único no contexto<br />

americano a manter a escravidão como regime <strong>de</strong> trabalho e o sistema monárquico <strong>de</strong> governo,<br />

<strong>de</strong>notan<strong>do</strong> que ainda havia uma forte ligação política e cultural com Portugal apesar <strong>do</strong><br />

rompimento, outro ponto que <strong>de</strong>monstrava esta ligação era o fato <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r brasileiro ser da<br />

casa reinante portuguesa, a marinhagem, durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> colônia e Reino, era <strong>de</strong> origem<br />

portuguesa, e boa parte <strong>de</strong>la permaneceu no Brasil após a in<strong>de</strong>pendência, servin<strong>do</strong> ao novo país.<br />

Manter os territórios uni<strong>do</strong>s e contínuos sob o governo <strong>de</strong> D. Pedro era garantir a continuida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stes pilares.<br />

Nesta luta pela integração <strong>do</strong>s antigos territórios portugueses ao Brasil é fundamental a<br />

atuação da Marinha <strong>de</strong> Guerra, uma vez que a maioria das cida<strong>de</strong>s encontrava-se no litoral, bem<br />

como gran<strong>de</strong> parte da população. A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong> recebimento <strong>de</strong> recursos por<br />

terra era muito gran<strong>de</strong>, portanto recorria-se a via marítima.<br />

A primeira província a ser atacada pelas forças brasileiras foi a da Bahia, em 29 <strong>de</strong> março<br />

<strong>de</strong> 1823, com o bloqueio por mar e por terra da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salva<strong>do</strong>r. As lutas na Bahia<br />

continuaram até 2 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1823, com a capitulação das tropas lusas. Após isto, parte da frota<br />

brasileira dirige-se até o Maranhão, porém somente um navio foi efetivamente foi até a província.<br />

A idéia era fazer com que as forças portuguesas e a população da cida<strong>de</strong> pensassem que o<br />

restante da frota chegaria em poucos dias, contan<strong>do</strong> com a <strong>de</strong>bilitada situação da resistência da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Luís, que já vinha sofren<strong>do</strong> bloqueio por terra, como ainda esperavam que as<br />

notícias das lutas ocorridas na Bahia <strong>de</strong>sanimassem qualquer resistência. Os portugueses foram<br />

intima<strong>do</strong>s a ren<strong>de</strong>r-se em 27 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1823, porém não foi aceita. Neste mesmo dia o navio que<br />

11 A cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro funcionava como um centro comum, <strong>do</strong> qual D. Pedro se utilizou congregar as<br />

elites em torno <strong>de</strong> si, elites que se encontravam irregularmente distribuídas ao longo <strong>do</strong> território.<br />

CARVALHO, José Murilo. A Construção da or<strong>de</strong>m: a elite política imperial. Teatro das Sombras: a<br />

política Imperial. 3ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!