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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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231<br />

tida como a segunda maior concentração <strong>de</strong> japoneses no Brasil 13 . Não só a gran<strong>de</strong> concentração<br />

<strong>de</strong> nikkeis em Londrina chama atenção, mas também a forma <strong>de</strong> colonização, já que a presença<br />

<strong>de</strong> imigrantes japoneses e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, e <strong>de</strong> outras pessoas vindas <strong>de</strong> diferentes esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

Brasil e também advindas <strong>de</strong> outros países, ocorreu <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à ação da Companhia <strong>de</strong> Terras Norte<br />

<strong>do</strong> Paraná (CTNP). Esta empresa privada administrou a venda <strong>de</strong> lotes rurais, <strong>de</strong> pequeno e<br />

médio porte, e, portanto, mais acessíveis para serem compra<strong>do</strong>s na região <strong>de</strong> 1930 e 1940.<br />

Isso proporcionou aos japoneses e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saírem da situação<br />

<strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s nas fazendas <strong>de</strong> café paulistas e <strong>de</strong> se tornarem proprietários, em muitos casos<br />

pela primeira vez. Assim, verifica-se como a construção das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s nikkeis se <strong>de</strong>u nessa<br />

situação, visto que os japoneses e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes nesta região <strong>do</strong> país pu<strong>de</strong>ram ser proprietários.<br />

Além disso, tiveram <strong>de</strong> se relacionar <strong>de</strong> forma mais aprofundada com os outros migrantes e<br />

estrangeiros, distinta da experiência paulista.<br />

Observamos também que, em Londrina, o processo <strong>de</strong>ssa construção i<strong>de</strong>ntitária ocorreu<br />

tanto na geração <strong>de</strong> imigrantes, que provavelmente viveu no meio rural entre os 1930 e início<br />

<strong>do</strong>s anos <strong>de</strong> 1950, quanto na <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes que se mudaram para o meio urbano,<br />

principalmente nas décadas <strong>de</strong> 1950 a 1970.<br />

Para a realização <strong>de</strong>sta pesquisa utilizou-se principalmente as fontes orais,<br />

abordan<strong>do</strong> as hipóteses <strong>de</strong> que a importância da educação, e valores como a<br />

honestida<strong>de</strong>, a pontualida<strong>de</strong>, a responsabilida<strong>de</strong> entre outros, po<strong>de</strong>riam servir <strong>de</strong><br />

elementos i<strong>de</strong>ntitários, e que este recurso também po<strong>de</strong>ria ser utiliza<strong>do</strong> como justificativa<br />

<strong>de</strong> apresentar a memória <strong>do</strong> grupo étnico japonês como algo coeso, além <strong>de</strong> reforçar a<br />

imagem <strong>de</strong> um grupo bem sucedi<strong>do</strong> na socieda<strong>de</strong> envolvente.<br />

Alguns trabalhos 14 já apresentaram a difícil aceitação que os imigrantes<br />

japoneses tiveram no Brasil antes mesmo da chegada <strong>do</strong> primeiro navio, em 1908, por<br />

ser uma etnia não europeia, além <strong>de</strong> abordarem o preconceito e as dificulda<strong>de</strong>s vividas<br />

por esses imigrantes na adaptação à cultura brasileira.<br />

O balanço <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> cem anos da imigração japonesa para o Brasil mostra que muito<br />

se escreveu sobre a presença <strong>de</strong>sses imigrantes e <strong>de</strong> seu lega<strong>do</strong> ao país. No entanto, durante<br />

as celebrações <strong>do</strong> centenário notou-se que pouco ou praticamente nada se problematizou <strong>do</strong><br />

processo <strong>de</strong> inserção e <strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong>sse grupo étnico, em um país on<strong>de</strong> somente os imigrantes<br />

―brancos‖ e europeus eram aceitáveis. Além disso, tanto o grupo étnico, com a sua<br />

autorreferência, quanto as propagandas feitas por nacionais buscaram evi<strong>de</strong>nciar uma imagem <strong>de</strong><br />

13<br />

Fonte: ARAI, Jhony; HIRASAKI, Cesar. 100 anos da imigração japonesa no Brasil. São Paulo:<br />

Imprensa Oficial <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo; Bunkyo – Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Cultura Japonesa e <strong>de</strong><br />

Assistência Social, 2008, p. 74.<br />

14 Elencamos <strong>do</strong>is trabalhos que analisam o contexto pré-imigratório: LESSER, Jeffrey. A negociação da<br />

I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> Nacional: Imigrantes, minorias e a luta pela etnicida<strong>de</strong> no Brasil. São Paulo: Editora da<br />

Unesp, 2001. NOGUEIRA, Arlinda Rocha. Restrições ao braço asiático (chinês e japonês) como força <strong>de</strong><br />

trabalho. Diferenças regionais. In: Imigração japonesa na História Contemporânea <strong>do</strong> Brasil. São<br />

Paulo: Massao Ohno Editor; Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Nipo-Brasileiros, 1984, pp. 79-116

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