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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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363<br />

disso po<strong>de</strong>-se dizer que em to<strong>do</strong>s os lugares on<strong>de</strong> o romantismo se manifestou, seus a<strong>de</strong>ptos<br />

valorizavam o sentimento e a expressão individual e, apresentavam também um gosto por<br />

para<strong>do</strong>xos. (BAUMER, 1990; p. 24).<br />

O romantismo foi um movimento que extrapolou os limites da arte, abrangen<strong>do</strong> também o<br />

pensamento filosófico e político, sen<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> o elo capaz <strong>de</strong> unificar essas<br />

diversas manifestações românticas.<br />

6<br />

Os principais focos da produção <strong>de</strong> obras com<br />

características <strong>do</strong> <strong>de</strong>pois estrutura<strong>do</strong> movimento romântico, que já antes da revolução francesa<br />

convencionou-se chamar <strong>de</strong> pré-românticas, são localiza<strong>do</strong>s na Alemanha, Inglaterra e França<br />

<strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong>. Ten<strong>do</strong> surgi<strong>do</strong> primeiramente na Alemanha e Inglaterra, no século XVIII, o<br />

romantismo chegou à França no início <strong>do</strong> século XIX. Sobre a emergência <strong>do</strong> romantismo nestes<br />

três países, Löwy e Sayre afirmaram que ele ―[...] surgiu, mais ou menos, <strong>de</strong> forma semelhante,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e sincrônica, nesses três países que eram, relativamente os mais ‗avança<strong>do</strong>s‘ no<br />

processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> capitalismo. [...]‖. 7<br />

Observamos que, concomitantemente, e associada às transformações sócio-econômicas<br />

<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, tomou corpo uma transformação i<strong>de</strong>ológica, também <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada na renascença,<br />

que se cristalizou com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> pensamento Iluminista no século XVIII, que<br />

importava, em gran<strong>de</strong> parte, o mo<strong>de</strong>lo das ciências naturais e matemáticas para a analise <strong>do</strong> ser<br />

humano e resolução <strong>de</strong> seus problemas. Na Inglaterra, com o pensamento <strong>de</strong> Locke, Hume e<br />

principalmente Bentham, essas idéias assumem uma forma particularmente empirista e utilitarista.<br />

(LÖWY; SAYRE, 1995; p. 78). Em uma <strong>de</strong> suas cartas, Blake escreveu um poema no qual<br />

afirmou, ―Que Deus nos guar<strong>de</strong> da Visão Única & <strong>do</strong> sono <strong>de</strong> Newton‖. 8 O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong><br />

espírito analítico pelos iluministas constituiu a fé na razão como fonte cria<strong>do</strong>ra unívoca e um meio<br />

pelo qual a natureza po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>cifrada. 9 Os românticos se voltaram contra o que<br />

consi<strong>de</strong>raram ser a estreiteza <strong>de</strong> visão <strong>de</strong> seu tempo, presente tanto na filosofia e na ciência,<br />

quanto na arte <strong>do</strong> século XVIII. Nesse universo, segun<strong>do</strong> os românticos, o espírito geométrico foi<br />

alia<strong>do</strong> à <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong> neoclassicismo e ao empirismo lockeano. Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar estas as<br />

questões chave nessa crítica. O espírito geométrico mecanizava a vida ao subordiná-la à razão. O<br />

neoclassicismo, ao sugerir mo<strong>de</strong>los i<strong>de</strong>ais da natureza, impunha regras rígidas e universais à arte<br />

6<br />

O que se convencionou chamar mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> foi fruto <strong>de</strong> um processo intrínseco ao próprio<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> capitalismo, que teve início no século XVII, culminan<strong>do</strong> nos séculos XVIII e XIX. O<br />

processo foi <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong> a partir da renascença e da reforma protestante, e o romantismo surge, <strong>de</strong>sse<br />

mo<strong>do</strong>, ―[...] quan<strong>do</strong> as tendências em ação, há muito tempo, se transformam em sistema, quan<strong>do</strong> são<br />

criadas as bases da indústria mo<strong>de</strong>rna e se concretiza o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> sobre o conjunto da vida<br />

social [...]‖ (LÖWY; SAYRE, 1995; p. 77). Baumer consi<strong>de</strong>rou também o romantismo como o primeiro<br />

gran<strong>de</strong> protesto contra a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>finida por ele como a civilização cintífico-racional que começou a<br />

<strong>de</strong>senvolver-se no século XVII e que assumiu uma gran<strong>de</strong> dimensão no século XVIII. (BAUMER, 1990; p.<br />

23).<br />

7 LÖWY, Michael; SAYRE, Robert. Revolta e Melancolia: O romantismo na contramão da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Petrópolis: Vozes, 1995. (p. 80).<br />

8 May God us keep / From Single vision & Newtons sleep. BLAKE, William [carta] 1802 nov. 22, Felpham<br />

[Inglaterra] [para] Thomas Butts – Londres em: ERDMAN, David V. (ed.). The Complete Poetry and Prose<br />

of William Blake. New York: Anchor Books, 1988. (p. 722).<br />

9 CASSIRER, Ernst. ―O Pensamento na Era <strong>do</strong> Iluminismo‖. In: A Filosofia <strong>do</strong> Iluminismo. Tradução <strong>de</strong><br />

Álvaro Cabral. Campinas: Edunicamp, 1994. (p. 22).

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