14.10.2014 Views

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

569<br />

"A memória foi rebaixada <strong>do</strong> status <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> pública para o <strong>de</strong> um<br />

recurso auxiliar priva<strong>do</strong>. As pessoas ainda se lembram <strong>de</strong> rituais, nomes,<br />

canções, histórias, habilida<strong>de</strong>s; mas agora é o <strong>do</strong>cumento que se mantém<br />

como autorida<strong>de</strong> final e como garantia <strong>de</strong> transmissão para o futuro."<br />

(THOMPSON, 1992, p. 50)<br />

Paul Thompson apresenta a questão da finalida<strong>de</strong> da história, que po<strong>de</strong> se transformar,<br />

juntamente com o conteú<strong>do</strong>, por meio da história oral:<br />

Po<strong>de</strong> ser utilizada para alterar o enfoque da própria história e revelar novos<br />

campos <strong>de</strong> investigação; po<strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar barreiras que existam entre<br />

professores e alunos, entre gerações, entre instituições educacionais e o<br />

mun<strong>do</strong> exterior; e na produção da história [...] po<strong>de</strong> <strong>de</strong>volver às pessoas<br />

que fizeram e vivenciaram a história um lugar fundamental, mediante suas<br />

próprias palavras. (THOMPSON, 1992, p. 22)<br />

O enfoque da história volta<strong>do</strong> para os <strong>do</strong>cumentos oficiais é característico <strong>de</strong> uma história<br />

voltada a fundamentar justificativas <strong>de</strong> <strong>do</strong>minações, guerras, servir <strong>de</strong> apoio político. Uma história<br />

que <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> la<strong>do</strong> a gran<strong>de</strong> maioria das pessoas e focava em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s grupos, relegan<strong>do</strong><br />

a papéis secundários outros, ou mesmo a passivida<strong>de</strong> diante <strong>do</strong>s acontecimentos históricos.<br />

A história oral é uma história construída em torno <strong>de</strong> pessoas. Ela lança a<br />

vida para <strong>de</strong>ntro da própria história e isso alarga seu campo <strong>de</strong> ação.<br />

Admite heróis vin<strong>do</strong>s não só <strong>de</strong>ntre os lí<strong>de</strong>res, mas <strong>de</strong>ntre a maioria<br />

<strong>de</strong>sconhecida <strong>do</strong> povo. [...] Traz a história para <strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong> e<br />

extrai a história <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da comunida<strong>de</strong>. (THOMPSON, 1992, p. 44)<br />

A história oral, neste senti<strong>do</strong>, traz, ao centro <strong>do</strong>s acontecimentos históricos, personagens<br />

que não aparecem nos <strong>do</strong>cumentos oficiais, memórias e percepções da realida<strong>de</strong> que não estão<br />

escritos, mas, que estão presentes nas lembranças <strong>de</strong>stes indivíduos, e que po<strong>de</strong>m ser<br />

analisadas.<br />

O livro <strong>de</strong> Thompson, apresenta, <strong>de</strong>sta maneira, algumas meto<strong>do</strong>logias para construir a<br />

história a partir <strong>de</strong>sta memória, a história oral. E como esta forma <strong>de</strong> história po<strong>de</strong> colaborar e<br />

trazer a tona novos <strong>do</strong>cumentos: ―A entrevista propiciará, também, um meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir<br />

<strong>do</strong>cumentos escritos e fotografias que, <strong>de</strong> outro mo<strong>do</strong>, não teriam si<strong>do</strong> localiza<strong>do</strong>s.‖ (THOMPSON,<br />

1992, p. 25)<br />

Para Thompson, o historia<strong>do</strong>r precisa se indagar sobre seu trabalho, sobre o que estão<br />

fazen<strong>do</strong> e por quê o fazem. ―A reconstrução que fazem <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> baseia-se na autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

quem? E com vistas a quem ela é feita? Em suma, <strong>de</strong> quem é A voz <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>?" (THOMPSON,<br />

1992, p. 11) Estas questão baseiam a questão <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>, ou seja, até que ponto é confiável a<br />

evidência oral? E neste senti<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos perceber uma série <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s que precisam ser<br />

leva<strong>do</strong>s em consi<strong>de</strong>ração no momento da construção <strong>de</strong>ste conhecimento histórico. Estes<br />

conselhos, ou instruções mais práticos sobre como elaborar um projeto e elaborar e analisar<br />

entrevistas, Thompson <strong>de</strong>screve nos capítulos seis, sete e oito <strong>de</strong> seu livro, on<strong>de</strong> auxilia o<br />

historia<strong>do</strong>r em como conduzir seu trabalho, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a coleta <strong>do</strong>s relatos:<br />

Uma entrevista não é um diálogo, ou uma conversa. Tu<strong>do</strong> o que interessa<br />

é fazer o informante falar. Você <strong>de</strong>ve manter-se o mais possível em

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!