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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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também das estruturas <strong>de</strong> organização da Igreja e <strong>de</strong> uma melhor compreensão <strong>do</strong>s fiéis em seus<br />

contextos sociais e históricos. Essa noção <strong>de</strong> Igreja como ―Povo <strong>de</strong> Deus‖ também possibilitou<br />

uma maior abertura para a atuação <strong>do</strong> leigo, que passou a ser membro ativo <strong>do</strong> corpo da<br />

Instituição.<br />

Na constituição Lumen Gentium, a Igreja católica se auto-<strong>de</strong>finiu no <strong>do</strong>cumento, a noção<br />

<strong>de</strong> ―povo <strong>de</strong> Deus‖ se apresentou entre o capítulo sobre o mistério da Igreja e o capítulo sobre sua<br />

hierarquia. A teologia pre<strong>do</strong>minante no perío<strong>do</strong> em que aconteceu o Cancílio Vaticano II tinha<br />

como uma <strong>de</strong> suas preocupações uma abertura da Igreja ao mun<strong>do</strong> contemporâneo. Nessa<br />

adaptação, a importância <strong>do</strong>s leigos passou a ser uma das principais questões, pois a Igreja<br />

necessitava que estes fossem membros ativos.<br />

Tal preocupação, por parte da Igreja, veio a tona quan<strong>do</strong> a instituição orientou a criação<br />

<strong>do</strong> movimento chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> Ação Católica (AC). No papa<strong>do</strong> <strong>de</strong> Pio XI, os responsáveis pela<br />

pastoral observaram que, para renovar a Igreja, era preciso valorizar os leigos. Daí a criação <strong>de</strong><br />

movimentos específicos para os leigos. Na criação da JOC, uma das primeiras formas da AC,<br />

estu<strong>do</strong>s procuravam focalizar o estatuto <strong>do</strong> leigo e sua função na Igreja. Buscava-se se evitar a<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Igreja como uma organização hierarquizada, procuran<strong>do</strong> observá-la como um corpo<br />

único. E procuran<strong>do</strong> ver o papel <strong>do</strong> leigo nesse corpo.<br />

Posteriormente à criação <strong>de</strong>sses movimentos, observou-se uma gradativa preocupação<br />

com os leigos por parte da Igreja. Conforme Almir Ribeiro Guimarães compreen<strong>de</strong>, ao comentar<br />

sobre a teologia <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, ―[...] Congar queria integrar o leigo na Igreja. Insistia na necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se chegar a uma posição em que o leigo não fosse apenas receptivo, mas tomasse<br />

consciência da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ação cristã nos <strong>do</strong>mínios profano, social e internacional.‖ 15<br />

A teologia procurava observar o leigo <strong>de</strong> forma efetiva e positiva, pois este é parte <strong>do</strong><br />

povo <strong>de</strong> Deus em sua secularida<strong>de</strong>. O cristão <strong>de</strong>ve estar a serviço da religião em seu cotidiano.<br />

É no cotidiano da vida, por meio <strong>de</strong> seu testemunho <strong>de</strong> pensamento,<br />

palavras e ação, que os leigos apóstolos têm a graça da exortação, da<br />

correção, da animação, da criativida<strong>de</strong>, e esse testemunho entre<br />

indivíduos, nos grupos e nas comunida<strong>de</strong>s é a expressão <strong>de</strong> uma missão<br />

garantida pelo bispo e, às vezes, diretamente pelo Papa. 16<br />

Segun<strong>do</strong> a interpretação <strong>de</strong> alguns teólogos latino-americanos, foi a partir <strong>do</strong> Concílio<br />

Vaticano II que a Igreja, ao ver seus fiéis como membros <strong>de</strong> um mesmo corpo, <strong>de</strong>ixou para trás<br />

uma visão hierarquizada <strong>de</strong> sua estrutura. Os membros da Igreja, clero e leigos, passaram a ser<br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> sua responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser cristão. Segun<strong>do</strong> Almir Ribeiro a Igreja<br />

―libertou-se da 'obsessão da autorida<strong>de</strong>' e da prepon<strong>de</strong>rância jurídica que pesava sobre os seus<br />

trata<strong>do</strong>s há mais <strong>de</strong> um século, operou uma recentralização vertical em Cristo e uma<br />

15 GUIMARÃES, Almir Ribeiro. Comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> base no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1978. p.151<br />

16 GUIMARÃES, Almir Ribeiro. Op. cit. p.151

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