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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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De acor<strong>do</strong> com Lima, que com a formação das classes trabalha<strong>do</strong>ras, a tomada <strong>de</strong><br />

consciência <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, <strong>do</strong> ―eu <strong>de</strong> classe‖, favorece a composição imediata <strong>de</strong> multidões, cada<br />

qual com suas características e potencialida<strong>de</strong> próprias, e o indivíduo, mesmo sozinho, passa a<br />

pensar e agir em grupo, atuan<strong>do</strong> como se estivesse ―em meio à turba enlouquecida, embora a<br />

distância <strong>do</strong> foco atenue os efeitos da infecção‖ (LIMA, 1958, p. 324). E mais:<br />

Está ele preso ao mesmo liame psicológico que o torna submisso à vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

―meneur‖. A influência <strong>de</strong>ste atua à distancia atingin<strong>do</strong> exatamente aquele<br />

indivíduo <strong>de</strong>ntre outros, para conformá-lo a <strong>de</strong>terminada atitu<strong>de</strong>. Embora à<br />

distancia, as impressões que a multidão classista recebe, são <strong>de</strong>scalçadas no<br />

processo psicológico daquele que se consi<strong>de</strong>ra participante da mesma, ainda que<br />

fisicamente <strong>de</strong>la não faça parte (LIMA, 1958, p. 324).<br />

Na concepção <strong>de</strong> Lima, o progresso facilitaria a diversificação das multidões classistas<br />

distintas, transforman<strong>do</strong>-as em unida<strong>de</strong>s autônomas, com feições psicológicas próprias e<br />

tendências <strong>de</strong>finidas. Haveria uma gran<strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s homens se reunirem em multidão<br />

naquele perío<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> até mesmo o apoio constitucional para tal, afirmou Lima referin<strong>do</strong>-se ao<br />

direto <strong>de</strong> greve. Essas multidões reunidas trariam o germe <strong>do</strong> crime em seu seio. Segun<strong>do</strong> o<br />

autor, ―nem toda multidão <strong>de</strong>linqüe, mas toda multidão é condição para a prática <strong>do</strong>s crimes‖<br />

(LIMA 1958, p. 324).<br />

Após essas afirmações, o autor passou às consi<strong>de</strong>rações sobre o estu<strong>do</strong> das multidões,<br />

ten<strong>do</strong> como referência as obras <strong>de</strong> autores que se <strong>de</strong>dicaram ao assunto. Primeiramente,<br />

recuperou o trabalho <strong>de</strong> Tar<strong>de</strong>, Les Lois <strong>de</strong> I’Imitation, que explicou em parte porque apesar <strong>de</strong><br />

ser formada por indivíduos diferentes, a multidão tinha uma comportamento comum, ten<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

para <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> objetivo geral. Isso <strong>de</strong> daria pelas leis da imitação: homem imita um ao outro<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> criança e essa imitação <strong>de</strong>strói a originalida<strong>de</strong> e uniformiza as diferenças.<br />

A imitação se transmitiria, para alguns, por contágio moral, como se fosse uma <strong>do</strong>ença. E<br />

o meio <strong>de</strong> locomoção da <strong>do</strong>ença imitativa seria a sugestão, um fenômeno físico-orgânico, que<br />

receberia estímulos externos. Nas pessoas reunidas em multidões, a sugestão atuaria mais rápida<br />

e po<strong>de</strong>rosamente. O número tem gran<strong>de</strong> importância, assim como o fator intelectual: ―o indivíduo<br />

inculto é mais sugestionável que o culto‖ (LIMA, 1958, p. 331). Mas também o homem culto,<br />

quan<strong>do</strong> isola<strong>do</strong> ―seria francamente sugestionável, quanto em multidão se torna mais fácil vítima<br />

<strong>do</strong>s sentimentos‖ (LIMA, 1958, p. 331).<br />

Já Benjamin Moraes, professor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Distrito<br />

Fe<strong>de</strong>ral – Rio <strong>de</strong> Janeiro, em artigo escrito na Revista Forense em 1958, estava preocupa<strong>do</strong> com<br />

a atuação da polícia brasileira em um momento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s transformações históricas,<br />

caracterizadas pela formação pelo aumento <strong>do</strong>s núcleos operários nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s e com os<br />

movimentos organiza<strong>do</strong>s que aconteciam nesse perío<strong>do</strong>. Nesse contexto, ―a palavra or<strong>de</strong>m, que a<br />

policia procura tradicionalmente manter sofre mutações no seu senti<strong>do</strong> social político e<br />

econômico‖ (MORAES, 1958, p. 504).

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