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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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propaganda, a temática <strong>do</strong> movimento operário. Sobretu<strong>do</strong> em sua<br />

primeira fase, constitui-se também em um canal <strong>de</strong> expressão <strong>do</strong>s<br />

problemas <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res no nível da empresa. 2<br />

Para os anarcos-sindicalistas era preciso organizar o movimento apoia<strong>do</strong> sobre três<br />

princípios: propaganda, educação e rebelião, através da organização <strong>de</strong> vários eventos culturais,<br />

produção <strong>de</strong> folhetos, jornais, revistas e outros materiais impressos, para que os operários se<br />

engajassem na luta pela liberda<strong>de</strong>.<br />

O jornal possuía em média quatro páginas, com exceção para a edição <strong>de</strong>dicada ao<br />

Primeiro <strong>de</strong> Maio. As páginas eram organizadas em cinco colunas, com artigos <strong>de</strong> opinião,<br />

noticiário e espaço para propaganda <strong>de</strong> livros e eventos, sen<strong>do</strong> que outros tipos <strong>de</strong> propaganda<br />

eram estritamente proibi<strong>do</strong>s.<br />

Para manter as publicações <strong>do</strong> jornal os editores organizavam eventos, recebiam <strong>do</strong>ações<br />

<strong>de</strong> sindicatos e mantinham uma assinatura mensal. Seu publico alvo era os trabalha<strong>do</strong>res, porém<br />

conforme o editorial, seu apelo também era direciona<strong>do</strong> a todas as associações que lutam pelo<br />

bem estar da classe trabalha<strong>do</strong>ra.<br />

Já na primeira edição <strong>do</strong> jornal, em 1º <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1908, são apresenta<strong>do</strong>s aos<br />

trabalha<strong>do</strong>res os objetivos que o jornal pretendia alcançar, como a <strong>de</strong> agitar o proletário, que<br />

diante <strong>de</strong> sua situação parecia estar conforma<strong>do</strong>, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a emancipação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res,<br />

<strong>de</strong>nunciarem a tirania e exploração capitalista, bem como a linha i<strong>de</strong>ológica que seria seguida.<br />

A edição <strong>de</strong>dicada ao Primeiro <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1909, apesar da campanha realizada na edição<br />

anterior para arrecadação <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s para uma publicação maior e mais <strong>de</strong>talhada, foi publicada<br />

com apenas quatro páginas, porém com vários textos alusivos à data. Já em sua primeira página,<br />

começa com uma nota <strong>de</strong> convocação aos operários para que comparecessem à manifestação<br />

que seria realizada no mesmo dia na rua, conclaman<strong>do</strong>:<br />

Operários!<br />

A fe<strong>de</strong>ração operária <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro comemora hoje o 1º <strong>de</strong><br />

Maio com uma manifestação pública que partirá da sua se<strong>de</strong>, Rua <strong>do</strong><br />

Hospício, 144, á 1 hora da tar<strong>de</strong>, in<strong>do</strong>, <strong>de</strong>pois percorrer varias ruas, até o<br />

Largo <strong>de</strong> S. Francisco on<strong>de</strong> se realizará um comício. [...] 3<br />

Segun<strong>do</strong> o jornal o Primeiro <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong>ve ser:<br />

[...] <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à confraternização <strong>do</strong> operaria<strong>do</strong> universal.<br />

To<strong>do</strong>s que trabalham <strong>de</strong>vem consi<strong>de</strong>rar esta data a maior que o ano<br />

possui, porque ela não só lembra o sangue das vitima <strong>de</strong> Chicago, como<br />

prova que a burguesia rústica e ignóbil, tem pratica<strong>do</strong> todas as misérias<br />

na socieda<strong>de</strong> atual.<br />

Todas as misérias sim, porque ao operário é nega<strong>do</strong> aquilo<br />

que lhe pertence <strong>de</strong> direito. Não se lhe faz justiça, sacrifica-se-lhe por<br />

2 FAUSTO, Boris. Trabalho urbano e conflito social, 1977, p.79.<br />

3 A Voz <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1º <strong>de</strong> maio <strong>de</strong>1909, ano I, nº 10, p. 1.

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