14.10.2014 Views

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

644<br />

consequentemente, as tornamos históricas. Os corpos ganham senti<strong>do</strong>s<br />

socialmente. A inscrição <strong>do</strong>s gêneros – feminino ou masculino - no corpo<br />

é feita, sempre no contexto <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada cultura, portanto, com as<br />

marcas <strong>de</strong>ssa cultura. As possibilida<strong>de</strong>s da sexualida<strong>de</strong> – das formas <strong>de</strong><br />

expressar os <strong>de</strong>sejos e prazeres – também são sempre socialmente<br />

estabelecidas e codificadas. As i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero e sexuais são,<br />

portanto, compostas e <strong>de</strong>finidas por relações sociais, elas são moldadas<br />

pelas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> [...] 3<br />

Aqui o corpo, será o próprio indivíduo, e seu valor está fortemente agrega<strong>do</strong> às posturas e<br />

aparências em torno da classe social, raça, religião, etc. Será na socieda<strong>de</strong>, principalmente a<br />

atual, que o corpo torna-se uma referência para a noção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero, sexual ou<br />

biológica, <strong>de</strong>ntro das mais diversas imposições culturais, num âmbito <strong>de</strong>ntro da estética e ações<br />

morais e sexuais.<br />

Seguin<strong>do</strong> essa lógica, e apoiada em Guacira Lopes Louro, sigo a vertente que busca<br />

analisar a escola como o lugar <strong>de</strong> forte vivência e uma esfera ativa da socieda<strong>de</strong>, para assim<br />

analisarmos <strong>de</strong> que forma nesse ambiente <strong>de</strong> aprendiza<strong>do</strong> e construções, se <strong>de</strong>senvolve esse<br />

perfil <strong>de</strong> gênero e sexualida<strong>de</strong>. E será especificamente através <strong>de</strong> um questionário, previamente<br />

elabora<strong>do</strong> com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se constituir o corpo <strong>do</strong>cumental <strong>de</strong>sse trabalho, que preten<strong>do</strong><br />

analisar como ocorre o <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento <strong>de</strong>ssas construções e disciplinamento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre<br />

os indivíduos no âmbito escolar.<br />

A sexualida<strong>de</strong> atualmente <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser apenas um aspecto biológico <strong>de</strong> procriação para<br />

tornar-se cultural, assim diferentes culturas tem suas próprias normas, crenças e valores que vão<br />

compon<strong>do</strong> a dimensão humana. As regras sexuais são diferentes para ambos os sexos, com<br />

restrições ligadas aos <strong>do</strong>is gêneros (feminino e masculino) <strong>de</strong>terminadas pela cultura que impõem<br />

quais são as práticas sexuais apropriadas ou não. Os movimentos sociais em torno <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates<br />

liga<strong>do</strong>s aos temas <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong>, como a homossexualida<strong>de</strong>, aborto, o uso <strong>de</strong> contraceptivos,<br />

são inicia<strong>do</strong>s principalmente em torno da afirmação <strong>do</strong>s movimentos feministas. 4<br />

As questões da sexualida<strong>de</strong>, na cultura oci<strong>de</strong>ntal, por muito tempo, foram motivos <strong>de</strong><br />

vergonha, tabus e até <strong>de</strong> me<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> suas posturas repressoras por parte da socieda<strong>de</strong>, diante<br />

<strong>de</strong> comportamentos e conceitos em torno da sexualida<strong>de</strong>. Assim, esta era manipulada <strong>de</strong> varias<br />

formas, ora como peca<strong>do</strong>, ora como fator <strong>de</strong> controle político da socieda<strong>de</strong> e em algumas vezes,<br />

até como instrumento <strong>de</strong> prazer e felicida<strong>de</strong>. No caso <strong>do</strong> Brasil, foi no perío<strong>do</strong> entre 1920 e 1930,<br />

que a Educação Sexual começou a apontar, como cuida<strong>do</strong> das mulheres e evitar atitu<strong>de</strong>s<br />

femininas consi<strong>de</strong>radas imorais e garantir o ato sexual como reprodução. Como aponta Mary<br />

Nei<strong>de</strong> Figueiró em estu<strong>do</strong>s referentes à Educação Sexual:<br />

Partimos <strong>do</strong> pressuposto que a sexualida<strong>de</strong>, é sobretu<strong>do</strong>, uma construção<br />

sócio-cultural e, portanto, não estática, mas sim histórica e mutável.<br />

3 LOURO, Guacira Lopes. Gênero, Sexualida<strong>de</strong> e Educação. Petrópolis: Ed. Vozes. 199, p. 11-12<br />

4 WEREBE, Maria José Garcia. Sexualida<strong>de</strong>, Política e Educação. Campinas: Autores Associa<strong>do</strong>s. 1998,<br />

p.15

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!