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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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veteranos <strong>de</strong> guerra, buscaram retornar as suas vidas e rotinas. O <strong>de</strong>sejo <strong>do</strong>s veteranos da FEB<br />

eram menores, <strong>de</strong> inicio, voltar a seus trabalhos ou, no caso <strong>de</strong> estarem <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s antes da<br />

partida, conseguir um emprego e retomarem suas vidas. Mas, esses ex-combatentes, não eram<br />

mais homens comuns, eram diferentes, pois passaram meses viven<strong>do</strong> em outro meio social,<br />

presencian<strong>do</strong> os horrores <strong>de</strong> uma guerra, já não eram mais os mesmos, isso ficou evi<strong>de</strong>nte, no<br />

surgimento <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s na readaptação e nos conflitos em seus empregos, famílias e na<br />

socieda<strong>de</strong>. Os problemas começaram, quan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>u início a <strong>de</strong>smobilização (oficial) da FEB.<br />

Mesmo compartilhan<strong>do</strong> com a maquina <strong>de</strong> guerra <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América os<br />

planejamentos e a execução <strong>de</strong> todas as etapas <strong>de</strong> combate, as autorida<strong>de</strong>s militares brasileiras,<br />

não prepararam nenhuma ação (política) <strong>de</strong> reintegração social <strong>de</strong> seus combatentes, diferente <strong>do</strong><br />

que acontecia em outros países como nos EUA, por exemplo, on<strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> reintegração<br />

social <strong>do</strong>s ex-combatentes <strong>de</strong> guerra foram a<strong>do</strong>tadas (até pelo fato <strong>de</strong>sses países já vivenciarem<br />

outras experiências <strong>do</strong> gênero), enquanto nas nações aliadas, essa questão já era estudada<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio da guerra, no Brasil quase nada foi feito <strong>de</strong> concreto, a não ser alguns estu<strong>do</strong>s e<br />

planejamentos para os procedimentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>smobilização e licenciamento das tropas<br />

expedicionárias 3 .<br />

Se não bastasse a falta <strong>de</strong> planejamento na reintegração <strong>do</strong>s veteranos, havia ainda, uma<br />

nítida má vonta<strong>de</strong> com a FEB por parte <strong>de</strong> algumas autorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> governo, que temiam alguma<br />

ação por parte das tropas, que gozavam <strong>de</strong> prestigio popular, após seu regresso. Dentro <strong>do</strong><br />

Exército, os oficiais que preferiram permanecer no Brasil (por diversos motivos) temiam ser<br />

preteri<strong>do</strong>s nas promoções pelos oficiais e praças da FEB. A recepção <strong>do</strong>s militares febianos<br />

regulares nos quartéis foi fria e até mesmo hostil; a cúpula da hierarquia militar brasileira<br />

contribuiu para as dificulda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s militares da FEB, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-os para bases e guarnições<br />

distantes, muitos ex-combatentes reclamavam que no dia-a-dia <strong>do</strong>s quartéis, eram hostiliza<strong>do</strong>s<br />

pelos seus pares que não foram combater na Europa. Contu<strong>do</strong>, embora consi<strong>de</strong>rassem injusto o<br />

tratamento que recebiam nos quartéis, os militares da FEB possuíam ainda sim, com uma carreira<br />

segura, pensão integral na reforma e direitos médicos garanti<strong>do</strong>s. Já os expedicionários civis, ao<br />

contrario, sem a proteção <strong>do</strong> Exército, tiveram <strong>de</strong> lidar com problemas mais críticos; <strong>de</strong>veriam<br />

reintegrar-se à vida cotidiana em uma socieda<strong>de</strong> que não conhecia os horrores da guerra e que<br />

não estava preparada para recebê-los. Já nas primeiras semanas após o retorno, quase to<strong>do</strong>s os<br />

ex-combatentes sentiram, em maior ou menor grau, dificulda<strong>de</strong>s no convívio social com a<br />

população não combatente. Isso ocorreu em to<strong>do</strong>s os países e guerras que utilizaram massas <strong>de</strong><br />

cidadãos-solda<strong>do</strong>s em combate.<br />

3 FERRAZ, Francisco César Alves: A guerra que não acabou: A reintegração social <strong>do</strong>s veteranos da Força<br />

expedicionária Brasileira, 1945-2000. São Paulo. Tese- Doutora<strong>do</strong> em História Social Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Filosofia, Letras e Ciências Humanas/Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 2003.

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