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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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81<br />

parte <strong>do</strong>s comunistas, <strong>de</strong> usar a associação para fins partidários, provocava a <strong>de</strong>sagregação <strong>do</strong>s<br />

companheiros, além <strong>de</strong> utilizarem o prestigio da FEB para causas políticas. E discursos como o <strong>do</strong><br />

comandante da FEB, o General Mascarenhas <strong>de</strong> Moraes, explicitavam o evi<strong>de</strong>nte confronto<br />

i<strong>de</strong>ológico no interior da Associação:<br />

A Imprudência <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s da causa expedicionária, que, com<br />

propósitos vela<strong>do</strong>s , preten<strong>de</strong>m , há muito, <strong>de</strong>sviar as associações <strong>do</strong>s excombatentes<br />

<strong>de</strong> sua finalida<strong>de</strong> eminentemente cívica e essencialmente<br />

restrita à sobrevivência <strong>de</strong> nossas glórias, à assistência aos nossos<br />

camaradas a as suas famílias, à veneração e respeito aos que morreram<br />

ou foram mutila<strong>do</strong>s. Já temos perdi<strong>do</strong> terreno no conceito da opinião<br />

pública e <strong>de</strong> nossas autorida<strong>de</strong>s, por preten<strong>de</strong>rem aqueles <strong>de</strong>lega<strong>do</strong>s se<br />

imiscuir em assuntos que não interessam aos i<strong>de</strong>ais precisos e <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s<br />

das associações <strong>do</strong>s ex-combatentes. Somos brasileiros que (...) muito e<br />

muito fizeram pela honra e soberania <strong>do</strong> Brasil, pela liberda<strong>de</strong> e direitos <strong>do</strong><br />

homem e das nações. Nem por isso, no entanto, po<strong>de</strong>mos explorar o título<br />

<strong>de</strong> ex-combatentes para conduzirmos os problemas magnos da Nação,<br />

entrechocan<strong>do</strong>-nos com os parti<strong>do</strong>s políticos e intervin<strong>do</strong> nas querelas<br />

internacionais. (...) Servir-se <strong>do</strong>s ex-combatentes e <strong>de</strong> suas glorias para<br />

disputar idéias e opiniões que não solucionam os seus males físicos e<br />

morais é crime contra a dignida<strong>de</strong> expedicionária 8 .<br />

Em contrapartida, partin<strong>do</strong> ainda mais para a vertente contesta<strong>do</strong>ra, os comunistas<br />

<strong>de</strong>cidiram levar tanto as problemáticas <strong>do</strong>s ex-combatentes quanto às <strong>do</strong> Brasil para fora das<br />

associações alegan<strong>do</strong>, que não bastava introduzir na Associação as discussões sobre os<br />

problemas <strong>do</strong> país. Era preciso fazer também o caminho inverso, ou seja, levar à população os<br />

problemas que afligem os ex-combatentes. A concretização <strong>de</strong>ssa postura ocorreu com o ―Desfile<br />

<strong>do</strong> Silêncio‖ (ou Passeata <strong>do</strong> Silêncio), organizada pela Associação <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, em julho <strong>de</strong><br />

1947, possuin<strong>do</strong> como objetivo maior entregar aos Verea<strong>do</strong>res e aos Deputa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos com<br />

as reivindicações <strong>do</strong>s expedicionários. O evento foi apoia<strong>do</strong> por estudantes e por parte da<br />

imprensa, ten<strong>do</strong> no discurso <strong>do</strong> então presi<strong>de</strong>nte comunista da seção <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Sampaio<br />

<strong>de</strong> Lacerda, seu ápice (em seu pronunciamento <strong>de</strong>stacou-se a luta <strong>do</strong>s expedicionários na<br />

Europa, ressaltou, porém, que agora esses ―guerreiros‖ cobravam seus direitos, não necessitan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> favores nem <strong>de</strong> privilégios, mas sim lutavam por justiça). A passeata <strong>de</strong>spertou certa atenção<br />

(como relatam os jornais da época) e alguns <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s e verea<strong>do</strong>res discursaram, prometen<strong>do</strong><br />

melhorias na situação <strong>do</strong>s ex-combatentes. O fato é que, após a manifestação, existiu certo<br />

progresso nesse senti<strong>do</strong>: alguns ex-combatentes obtiveram vagas no serviço público; houve,<br />

também, melhorias nos atendimentos hospitalares e maior interesse por parte das autorida<strong>de</strong>s.<br />

Porém, meses <strong>de</strong>pois, os ex-combatentes voltaram ao esquecimento <strong>de</strong> outrora, uma vez que não<br />

foi registra<strong>do</strong> um evento semelhante. Essas manifestações não contavam com o apreço da<br />

maioria <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s, preocupa<strong>do</strong>s com o proveito político que os companheiros esquerdistas<br />

8 Mensagem <strong>do</strong> Marechal Mascarenhas <strong>de</strong> Moraes aos Expedicionários Brasileiros. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 11 Abril.<br />

1949. Arquivo <strong>do</strong> Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial (<strong>do</strong>ravante AMNMSGM).<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro. Segun<strong>do</strong> informação constante no <strong>do</strong>cumento, esta mensagem foi publicada em vários<br />

jornais <strong>do</strong> país.

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