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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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sua introdução à nova edição, ―anteriormente a Calógeras (...) nenhum<br />

autor brasileiro tratou, com espírito científico e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma visão geral,<br />

<strong>de</strong> nossa história diplomática‖ (...). E como bem indicou o professor Ama<strong>do</strong><br />

Cervo: ―Depois <strong>de</strong> Calógeras (...) fazer história das relações internacionais<br />

<strong>do</strong> Brasil não seria mais um trabalho para diletantes‖. Segun<strong>do</strong> esse<br />

[mesmo] historia<strong>do</strong>r, ―sua obra merece um estu<strong>do</strong> que venha <strong>de</strong>finir-lhe o<br />

méto<strong>do</strong>, mas é certo que situava-se a frente da história historicizante que<br />

então se fazia em to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>‖. Com efeito, ele praticou uma ‗história<br />

política total‘ com pleno conhecimento <strong>de</strong> causa, produzin<strong>do</strong> uma obra <strong>de</strong><br />

referência (...) que permitiria embasar novas tentativas <strong>de</strong> interpretação por<br />

gerações ulteriores <strong>de</strong> historia<strong>do</strong>res. 34 .<br />

De fato, <strong>de</strong>ve-se a Calógeras o estabelecimento <strong>do</strong>s primeiros e mais dura<strong>do</strong>uros critérios<br />

meto<strong>do</strong>lógicos a respaldarem a escolha <strong>do</strong>s temas, episódios, personagens e <strong>do</strong>cumentos a<br />

serem valoriza<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> da história diplomática <strong>do</strong> Brasil. Não por acaso, as questões<br />

limítrofes, sobretu<strong>do</strong>, as que envolvem a região platina – cenário que mereceu atenção especial<br />

<strong>do</strong> autor nos três volumes edita<strong>do</strong>s – concentraram, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, quase que sem nenhuma<br />

concorrência, a atenção <strong>do</strong>s esforços investigativos <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res. Da mesma forma que o<br />

foi, com: o episódio da In<strong>de</strong>pendência – que é, quiçá, o capítulo <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> diplomático brasileiro<br />

mais revisita<strong>do</strong> entre os estudiosos <strong>do</strong> campo; a direção da política externa imperial pelos<br />

dirigentes nacionais – em especial, das figuras <strong>de</strong> D. Pedro I e D. Pedro II; e, a valorização <strong>do</strong>s<br />

―trata<strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res‖ <strong>do</strong> Brasil – a saber, os trata<strong>do</strong>s bilaterais luso-hispânicos <strong>do</strong> século XVIII<br />

que tratavam da fixação das fronteiras entre os <strong>do</strong>is impérios no Novo Mun<strong>do</strong>, e, os trata<strong>do</strong>s<br />

comerciais, principalmente, os anglo-brasileiros, celebra<strong>do</strong>s na década <strong>de</strong> 1820 em prol <strong>do</strong><br />

reconhecimento da emancipação nacional.<br />

Baliza<strong>do</strong>s por semelhante narrativa, outros assuntos essenciais à política externa imperial<br />

brasileira – caso da regulação das trocas comerciais com outros países, da <strong>de</strong>finição das regras<br />

<strong>de</strong> navegação <strong>do</strong>s rios internacionais e da resolução <strong>do</strong> tráfico transatlântico <strong>de</strong> escravos –<br />

permaneceram em segun<strong>do</strong> plano nos textos <strong>do</strong>s diplomatas e/ou historia<strong>do</strong>res que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

Calógeras, se <strong>de</strong>dicaram ao estu<strong>do</strong> da história diplomática nacional. Po<strong>de</strong>-se bem dizer, aliás,<br />

que, a reviravolta nos quadros da produção historiográfica acerca <strong>do</strong>s interesses diplomáticos<br />

brasileiros é algo recente. Coinci<strong>de</strong>ntemente, ou não, esta reorientação da história diplomática no<br />

Brasil tem ocorri<strong>do</strong>, simultaneamente, a um processo, grosso mo<strong>do</strong>, generaliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> revitalização<br />

<strong>de</strong> outros gêneros históricos. Desta feita, a exemplo <strong>do</strong> que vem ocorren<strong>do</strong>, nos últimos anos, no<br />

campo da história econômica, militar, regional e – como já fala<strong>do</strong> alguns parágrafos atrás – da<br />

escravidão, a história diplomática vem se benefician<strong>do</strong> da confluência cada vez maior <strong>de</strong><br />

paradigmas teóricos e meto<strong>do</strong>lógicos diversos responsáveis por sua transformação. Uma<br />

transformação, tal qual aponta<strong>do</strong> por Antônio Carlos Lessa 35 :<br />

34 I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, pp. 18-19.<br />

35 LESSA, Antônio Carlos. A i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate acadêmico e social sobre as relações internacionais e<br />

política exterior no Brasil. In: _______. & ALTEMANI, Henrique. (Orgs.). Relações internacionais <strong>do</strong><br />

Brasil: Temas e agenda, Vol. II. São Paulo: Saraiva/IBRI/FAG, 2006, pp. 457-491.

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