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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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A primeira <strong>de</strong>las trataria <strong>do</strong> momento <strong>de</strong> ―criação‖ <strong>de</strong> um literato, ou seja, como se formava<br />

um literato <strong>de</strong> prestígio no final <strong>do</strong> século XIX e início <strong>do</strong> XX.<br />

<strong>Pesquisa</strong>n<strong>do</strong> a respeito <strong>de</strong> literatos paulistas é possível verificar uma vasta produção<br />

literária em jornais e revistas <strong>de</strong> época que não tiveram longa repercussão. Neste artigo são<br />

aborda<strong>do</strong>s alguns teóricos e teorias que auxiliam no entendimento da escolha e esquecimento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminadas obras.<br />

Este é o caso, por exemplo, <strong>do</strong> autor Pierre Bourdieu que enten<strong>de</strong> que este processo <strong>de</strong><br />

escolha se da através <strong>de</strong> um ―gosto <strong>de</strong> classes‖ propon<strong>do</strong> em alguns textos a discussão sobre<br />

forma como um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> grupo utiliza símbolos sociais para sua diferenciação perante outros<br />

grupos. Estes símbolos compõem sua legitimida<strong>de</strong> enquanto grupo, diferencian<strong>do</strong>-os enquanto<br />

―elite‖, como se, através <strong>de</strong>stes símbolos houvesse uma moralização da socieda<strong>de</strong>, que não é<br />

fixa, ao contrário vai se alteran<strong>do</strong>, se transforman<strong>do</strong>, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> regras para o consumo, para um<br />

―gosto erudito‖. Desta forma, a escolha <strong>de</strong> adjetivos, a linguagem, a literatura, a pintura, a musica<br />

servem como marcas <strong>de</strong> distinção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> grupo.<br />

No caso da leitura o que po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r aqui, é que esta diferenciação no ato da leitura<br />

é a forma com a qual o leitor se apropria <strong>do</strong> texto, o significa<strong>do</strong> da leitura se dá, portanto, por<br />

aqueles que <strong>de</strong>la se apo<strong>de</strong>ram num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento, ou seja, o leitor tem o prazer <strong>de</strong> ser<br />

ele próprio o intérprete. No entanto, é necessária uma rigorosa análise para separar um grupo<br />

específico que se diz <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong>sse conhecimento daquele que <strong>de</strong> fato participa <strong>de</strong> uma elite<br />

intelectual.<br />

Segun<strong>do</strong> Bourdieu algumas pessoas dissimulam sua ignorância ou sua indiferença e se<br />

esforçam em propor opiniões e práticas mais conforme a <strong>de</strong>finição legitimada. Não que haja uma<br />

falta <strong>de</strong> competência das camadas populares, mas pela não-a<strong>de</strong>são a to<strong>do</strong> um conjunto <strong>de</strong><br />

valores, pois neste caso, o ―gosto‖ esta diretamente liga<strong>do</strong> a um capital simbólico, ou seja,<br />

cultural, que cabe somente a uma minoria o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> julgar, como convém, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma<br />

disposição legitima. E esta <strong>de</strong>finição acaba sen<strong>do</strong> ―apropriada‖ por outro grupo ou uma camada<br />

popular no intuito <strong>de</strong> ao menos parecer com a elite.<br />

Novamente a apropriação, ou, a leitura que em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento um indivíduo faz<br />

sobre um livro ou assunto em específico, remete para as <strong>de</strong>terminações fundamentais e inscritas<br />

nas práticas especificas que a produziram.<br />

Para que este caminho seja traça<strong>do</strong>, antes, se faz necessário que se compreenda que<br />

entre o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> texto e o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> sujeito, coloca-se uma teoria da leitura capaz <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r a apropriação <strong>do</strong>s discursos, isto é, a maneira como estes afetam o leitor e o<br />

conduzem a uma nova norma <strong>de</strong> compreensão <strong>de</strong> si próprio e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Nesse senti<strong>do</strong> seria difícil estabelecer os limites <strong>de</strong> cada leitor, pois o ato da leitura não se<br />

efetiva em ações isoladas, mas se efetivam na <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> complexa reação em ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

ações, sentimentos, motivações, análises e críticas <strong>de</strong> cada leitor. Seguin<strong>do</strong> a idéia <strong>de</strong> Bourdieu,<br />

<strong>de</strong> que há marcas <strong>de</strong> distinção entre os diferentes grupos nas socieda<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>mos associar a

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