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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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durante a Assembléia, juntamente com outros temas políticos. Todavia, os comentários <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s foram <strong>do</strong>s mais varia<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o que a maioria <strong>do</strong>s homens, daquela época,<br />

pensava sobre as mulheres. Tais comentários variavam entre consi<strong>de</strong>rar as mulheres com<br />

cérebros infantis, inferiorida<strong>de</strong> mental e racionalmente incapazes para superarem os conflitos da<br />

política. Pior, a natureza da mulher já era <strong>de</strong>terminada pelo seu sexo, por isso, seu <strong>de</strong>stino, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o nascimento, era ser mãe e esposa, em tempo integral. 19 Assim, após muitas discussões, o<br />

sufrágio feminino não foi aprova<strong>do</strong> naquela Constituição.<br />

A<strong>de</strong>ntran<strong>do</strong> o século XX observa-se, segun<strong>do</strong> Hahner, um feminismo mais mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>, feito<br />

por mulheres da elite, que, ao contrário das primeiras e mais ar<strong>do</strong>rosas feministas, (...) não eram<br />

obrigadas a sustentarem-se e as suas famílias, o que sem dúvida influenciava seus pontos <strong>de</strong><br />

vista sobre seu lugar e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> direito 20 . Suas questões eram diferentes das mulheres <strong>de</strong><br />

classe média, e, portanto ofereciam menos perigos, <strong>do</strong> que as advindas <strong>de</strong> correntes <strong>do</strong><br />

anarquismo e <strong>do</strong> socialismo, que já mostravam seus primeiros alar<strong>de</strong>s, e eram mais temíveis.<br />

Na seqüência, Hahner cita as funda<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> Movimento Sufragista Brasileiro: Bertha Lutz,<br />

que ocupava uma alta colocação no Museu Nacional <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, e mais algumas mulheres,<br />

que também já eram graduadas, algumas no Brasil e outras no exterior e que ocupavam cargos<br />

públicos. Essas profissionais, vinculadas à elite, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram mudanças menos drásticas nos<br />

papéis e atitu<strong>de</strong>s da mulher e, por isso, foram menos criticadas e ridicularizadas. Devi<strong>do</strong> à sua<br />

posição social e <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r <strong>do</strong> Movimento Sufragista, Bertha Lutz ampliou-o para outros esta<strong>do</strong>s,<br />

alian<strong>do</strong>-se inclusive a organizações internacionais, como a Aliança Internacional pelo Sufrágio da<br />

Mulher, em 1922.<br />

Nesse contexto, também os jornais contribuíam, junto com alguns eventos, para a causa<br />

<strong>do</strong> sufrágio feminino. Todavia, eram jornais bem mais sofistica<strong>do</strong>s, como o ―O Nosso Jornal‖,<br />

muito pareci<strong>do</strong> com as elegantes revistas da época e em suas páginas encontravam-se pontos <strong>de</strong><br />

vistas acerca <strong>de</strong> como as mulheres po<strong>de</strong>riam conciliar suas obrigações sociais com seus papéis<br />

<strong>de</strong> mães e esposas, e que o voto da mulher era um avanço para o progresso, expressa<strong>do</strong> o<br />

orgulho <strong>do</strong> movimento feminista brasileiro em buscar seus objetivos sem violência, <strong>de</strong> forma<br />

pacífica.<br />

Várias associações <strong>de</strong> mulheres surgiram nesse perío<strong>do</strong>, como a Legião da Mulher<br />

Brasileira (Rio <strong>de</strong> janeiro, 1919) e a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher (1920),<br />

li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> por Bertha Lutz e Maria Lacerda <strong>de</strong> Moura 21 , professora e autora mineira. Essas<br />

associações transformaram-se posteriormente na Fe<strong>de</strong>ração Brasileira pelo Progresso Feminino<br />

19 HAHNER, J. E. Op. Cit.: 84-85.<br />

20 I<strong>de</strong>m, Ibi<strong>de</strong>m: 81.<br />

21 Pinto situa Maria Lacerda <strong>de</strong> Moura como uma ativista anarquista e feminista radical, que na década <strong>de</strong><br />

1920 colocou-se frontalmente contra as sufragistas, contrapon<strong>do</strong> a luta pelo voto pela proposta anarquista.<br />

Informações encontradas, segun<strong>do</strong> a autora, na biografia <strong>de</strong> Maria Lacerda <strong>de</strong> Moura, escrita por Mirian<br />

Moreira Leite. P. 37.

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