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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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18<br />

reivindicações comuns quan<strong>do</strong> estes militantes se encontravam em eventos promovi<strong>do</strong>s em prol<br />

da causa operária. A circulação <strong>de</strong> jornais pelos esta<strong>do</strong>s e, também, <strong>do</strong>s militantes motiva<strong>do</strong>s por<br />

perseguições ou não, foram, igualmente, fatores que possibilitaram o cruzamento <strong>de</strong> idéias entre<br />

os personagens da história operária nacional. Juntamente com Leuenroth, José Oiticica ajuda a<br />

sustentar, no Brasil, pequenos grupos anarquistas pós-Gran<strong>de</strong> Guerra 19 . Em 1912, Oiticica a<strong>de</strong>riu<br />

à Liga Anticlerical 20 <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro da qual participaria, provavelmente, até o ano <strong>de</strong> 1937.<br />

Neste mesmo perío<strong>do</strong>, o movimento anarquista e anticlerical intensificou sua propaganda.<br />

Segun<strong>do</strong> Rodrigues, ―O ano <strong>de</strong> 1912 nasce com o <strong>de</strong>spontar <strong>de</strong> novos baluartes da propaganda<br />

operária, veículos <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> suas idéias e <strong>de</strong> <strong>do</strong>utrinas ácratas‖ 21 . O movimento, agora<br />

revigora<strong>do</strong> e com gran<strong>de</strong> disseminação das teorias anarquistas, tinha como veículo divulga<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

idéias um mensário anticlerical. Esclareço, ainda, que A Lanterna não era o único jornal que<br />

combatia o capital, mas ele tinha importância inquestionável na luta operária, o que po<strong>de</strong> ter<br />

leva<strong>do</strong> Oiticica a aproximar da Liga, antes mesmo <strong>de</strong> manter contato mais estreito com o<br />

movimento operário.<br />

A partir <strong>de</strong> então, Oiticica passou a se relacionar com militantes que participavam da luta<br />

operária e, possivelmente, isto foi o que o levou a procurar conhecer a Fe<strong>de</strong>ração Operária <strong>do</strong> Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro 22 em 1913 - o seu primeiro contato mais direto com a causa operária.Po<strong>de</strong>mos notar<br />

então, que história <strong>de</strong> militância <strong>de</strong> José Oiticica no movimento operário brasileiro nasceu junto<br />

com o seu revigoramento. Atuan<strong>do</strong> <strong>de</strong> várias formas, como menciona<strong>do</strong> anteriormente, Oiticica<br />

procurou, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus i<strong>de</strong>ais e informar seus conhecimentos aos operários relacionan<strong>do</strong>-os com<br />

a questão social. Buscou ensiná-los por meio <strong>de</strong> palestras e conferências, sobre o idioma,<br />

ciências, higiene, entre vários outros estu<strong>do</strong>s. Procurou aprimorar a ―cultura <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r‖ para<br />

que assim pu<strong>de</strong>sse melhor se organizar e lutar contra os malefícios causa<strong>do</strong>s pela socieda<strong>de</strong><br />

capitalista.<br />

Esta concepção iluminista <strong>do</strong> ―po<strong>de</strong>r‖ a partir <strong>do</strong> ―saber‖, segun<strong>do</strong> Francisco Foot<br />

Hardman 23 , teve gran<strong>de</strong> influência nas correntes i<strong>de</strong>ológicas <strong>do</strong> movimento operário. Além da<br />

idéia <strong>de</strong> que a emancipação <strong>do</strong> operário viria, também, a partir da ―educação‖, a instrução da<br />

classe trabalha<strong>do</strong>ra era necessária para a compreensão das i<strong>de</strong>ologias discutidas em congressos,<br />

palestras e jornais. Sen<strong>do</strong> assim, os sucessos das propagandas militantes operárias <strong>de</strong>pendiam<br />

da extinção <strong>do</strong> analfabetismo. Isabel Bilhão, ao abordar o tema afirma que,<br />

19 MARAM, Shel<strong>do</strong>n Leslie. Anarquistas, imigrantes e o movimento operário brasileiro: 1890-1920.<br />

Trad: José Eduar<strong>do</strong> Ribeiro Moretzsohn, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Paz e Terra, 1979,p.86.<br />

20 Sobre Anticlericalismo ver: VALLADARES, Eduar<strong>do</strong>. Anarquismo e Anticlericalismo. São Paulo,<br />

Imaginário, 2000, p.10<br />

21 RODRIGUES, Edgar. Socialismo e Sindicalismo no Brasil: 1675-1913. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Laemmert,<br />

1969, p.308<br />

22 Sobre a forma <strong>de</strong> organização operária em Fe<strong>de</strong>rações ver: Documentos <strong>do</strong> Movimento Operário:<br />

resoluções <strong>do</strong> Primeiro Congresso Operário Brasileiro, In: Estu<strong>do</strong>s Sociais, n° 16, marc.1963, p. 387-<br />

398.<br />

23 HARDMAN, Francisco Foot. Nem Pátria, Nem Patrão: Memória Operária, Cultura e Literatura no<br />

Brasil. 3° Ed, São Paulo, UNESP, 2002. P.78

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