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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s professores que <strong>de</strong> certa forma acabam sen<strong>do</strong> os ―media<strong>do</strong>res culturais‖ no<br />

processo <strong>de</strong> ensino e aprendizagem; enfim tu<strong>do</strong> aquilo que o permeia e que o torna real.<br />

Talvez, exatamente por conta <strong>de</strong>ssa complexida<strong>de</strong>, é que estudiosos <strong>do</strong> assunto, chamam<br />

nossa atenção para o fato <strong>de</strong> que algumas idéias ainda baseiam-se no mito <strong>de</strong> um Brasil forte e<br />

unifica<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> por uma socieda<strong>de</strong> homogênea e pacífica, quan<strong>do</strong> sabe-se da existência <strong>de</strong><br />

grupos sociais, culturais e economicamente diferentes, como é o caso <strong>do</strong>s cristãos-novos,<br />

importantes partícipes na formação da nossa socieda<strong>de</strong> 17 .<br />

No início da década <strong>de</strong> 1980 as propostas curriculares refletiam o contexto social e político<br />

que a socieda<strong>de</strong> brasileira passava. Embora imbuídas <strong>de</strong> concepções teóricas diferentes, a i<strong>de</strong>ia<br />

era ampliar os objetos e o conceito <strong>de</strong> História através da investigação, trazer uma nova noção <strong>de</strong><br />

História como um conhecimento que está próximo da socieda<strong>de</strong> e das ações e relações que nela<br />

se constituem. Surgia uma necessida<strong>de</strong> em problematizar as experiências sociais vividas no<br />

cotidiano, assim como, incluir novos sujeitos até então silencia<strong>do</strong>s ou excluí<strong>do</strong>s 18 .<br />

Não existe <strong>de</strong> fato qualquer menção ou <strong>de</strong>manda sobre a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudar a<br />

história <strong>do</strong>s cristãos-novos nos livros didáticos. No entanto, sua presença no Brasil não foi<br />

ignorada, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1980 é possível verificar que sua história vem sen<strong>do</strong> escrita nos<br />

processos históricos trata<strong>do</strong>s pelos livros didáticos, pelo menos naqueles aos quais nos<br />

propusemos a pesquisar.<br />

O que nos intriga é o lugar que os cristãos-novos ocupam nesses manuais escolares, ou<br />

seja, sem uma discussão mais aprofundada que busque <strong>de</strong>snaturalizar sua presença em nosso<br />

território, amplian<strong>do</strong> o papel que exerceram na socieda<strong>de</strong> brasileira no perío<strong>do</strong> colonial e as<br />

heranças que nela <strong>de</strong>ixaram e que ainda hoje se fazem presentes.<br />

Os manuais escolhi<strong>do</strong>s para essa pesquisa situam-se entre a década <strong>de</strong> 1980 19 e pósparâmetros<br />

curriculares - década <strong>de</strong> 1997 - além <strong>de</strong> outras fontes <strong>do</strong>cumentais para a pesquisa<br />

histórica. Ao primeiro recorte <strong>de</strong> tempo, foram elencadas duas obras, sen<strong>do</strong> elas: História <strong>do</strong><br />

Brasil <strong>de</strong> Raymun<strong>do</strong> Campos (1983) e História da Socieda<strong>de</strong> Brasileira, <strong>de</strong> Francisco Alencar,<br />

Lucia Carpi Ramalho e Marcus Venício Ribeiro (1985). Referente ao final da década <strong>de</strong> 1990 para<br />

os dias atuais, optou-se pelas obras <strong>de</strong> Roberto Catelli Junior sobre o título: História. Texto e<br />

Contexto (2007); A. História em projetos. Velhos mun<strong>do</strong>s e mun<strong>do</strong>s novos: encontros e<br />

<strong>de</strong>sencontros – <strong>do</strong> século XV ao XVIII <strong>de</strong> Maria da Conceição Oliveira, Carla Miucci e Andréa<br />

Paula <strong>do</strong>s Santos (2007) e Antônio Pedro, Lizânias <strong>de</strong> Souza Lima e Yone Carvalho em História<br />

da civilização oci<strong>de</strong>ntal (2005), as quais possuem abordagens semelhantes acerca <strong>do</strong>s cristãosnovos<br />

no Brasil, remeten<strong>do</strong>-se ao mesmo tempo e espaço histórico.<br />

17 BITTENCOURT, Circe. I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional e ensino <strong>de</strong> História <strong>do</strong> Brasil. In: KARNAL, Leandro. História<br />

na sala <strong>de</strong> aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2003, p.198.<br />

18 FONSECA, Selva Guimarães. Caminhos da história ensinada. São Paulo: Papirus, 1993, p. 85 – 86.<br />

19 A escolha das coleções atuais e da década <strong>de</strong> 1980 se <strong>de</strong>u em função <strong>de</strong> serem livros <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

circulação, e por apresentarem diferentes concepções <strong>de</strong> história no âmbito <strong>do</strong>s livros didáticos.

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