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Anais do IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós ...

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Mais <strong>do</strong> que dissemina<strong>do</strong>r <strong>de</strong> um saber escrito nos manuais ou <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pelos currículos, o<br />

professor é interprete, inventor <strong>de</strong> sua prática. O que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> já que são as suas<br />

seleções <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> que chegam até o aluno, o provável receptor.<br />

A história da leitura se torna referencial teórico pertinente porque uma das principais<br />

questões feitas neste campo é relacionada aos tipos <strong>de</strong> leitura possíveis. Neste senti<strong>do</strong>, Chartier<br />

aponta a seguinte questão:<br />

[...] como é que um texto, que é o mesmo para to<strong>do</strong>s que o lêem, po<strong>de</strong><br />

transformar-se em instrumento <strong>de</strong> discórdia e <strong>de</strong> brigas entre seus leitores,<br />

crian<strong>do</strong> divergências entre eles e levan<strong>do</strong> cada um, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu<br />

gosto pessoal, a ter uma opinião diferente? 28<br />

Consi<strong>de</strong>rar a existência <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s diversas <strong>de</strong> leitura <strong>do</strong> livro didático em sala <strong>de</strong><br />

aula implica em consi<strong>de</strong>rarmos essas práticas como inventivas e criativas. Toman<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

empréstimo a fala <strong>de</strong> Chartier por mais um momento, é possível afirmar que:<br />

[...] ler é uma prática criativa que inventa significa<strong>do</strong>s e conteú<strong>do</strong>s<br />

singulares, não redutíveis às intenções <strong>do</strong>s autores <strong>do</strong>s textos ou <strong>do</strong>s<br />

produtores <strong>do</strong>s livros. Ler é uma resposta, um trabalho, ou, como diz<br />

Michel <strong>de</strong> Certeau, um ato <strong>de</strong> ―caçar em proprieda<strong>de</strong> alheia.‖. 29<br />

E sen<strong>do</strong> uma caça em proprieda<strong>de</strong> alheia, Siman, Coelho e Ribeiro nos mostram quais as<br />

implicações <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ste fato:<br />

Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> interação constrói-se uma interpretação que po<strong>de</strong><br />

contradizer o que o texto diz, ou ampliar o que o texto afirma por meio <strong>de</strong><br />

uma explicitação, por exemplo. O senti<strong>do</strong> não é da<strong>do</strong> pelo texto, mas<br />

construí<strong>do</strong> socialmente. A apropriação <strong>de</strong> qualquer texto se dá pela<br />

mediação interacional, que geralmente é coletiva, social. 30<br />

É possível afirmar que a i<strong>de</strong>ia que temos, a partir da articulação da problemática com o<br />

referencial teórico-meto<strong>do</strong>lógico, se tornou mais evi<strong>de</strong>nte. O que permite pensar quais obstáculos<br />

temos nos confronta<strong>do</strong> no trabalho prático. Tentaremos mostrar um pouco das dificulda<strong>de</strong>s<br />

inerentes a esse tipo <strong>de</strong> pesquisa usan<strong>do</strong> como base a experiência com o trabalho <strong>de</strong> campo que<br />

realizamos no momento.<br />

PRÁTICAS EFÊMERAS, TÁTICAS DE EVASÃO<br />

Para compreen<strong>de</strong>r o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho, é necessário <strong>de</strong>ixarmos claro que não existe a<br />

intenção <strong>de</strong> estudar situações ou problemas específicos relaciona<strong>do</strong>s à leitura <strong>de</strong> livros didáticos.<br />

28 CHARTIER, 2001, p. 211.<br />

29 CHARTIER, 2001, p. 214.<br />

30 SIMAN; COELHO; RIBEIRO, 2006.

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