Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...
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e<strong>do</strong>bramento em uma geração. É sob esta ótica que Taylor argumenta que o sistema aguaruna<br />
é uma variação de sistema dravidiano, mas que transmite a afinidade através de cálcul<strong>os</strong><br />
“Tipo B” (iroqueses).<br />
Isto explicaria ainda a tripartição da terminologia evidenciada pela existência de<br />
term<strong>os</strong> específic<strong>os</strong> para afins (característica amplamente usada para distinguir as<br />
terminologias dravidianas, que não contariam com term<strong>os</strong> separad<strong>os</strong> de afinidade, das<br />
iroquesas, que contam), pois m<strong>os</strong>tra que uma divisão tripla da terminologia e <strong>do</strong> sistema<br />
matrimonial pode aderir estritamente a uma sócio-lógica dravidiana de op<strong>os</strong>ição <strong>entre</strong><br />
consangüíne<strong>os</strong> e afins e transmissão da <strong>aliança</strong>. Como argumenta a autora, “both because it<br />
supp<strong>os</strong>es and reproduces a perennialized alliance relationship and because it plays exclusively<br />
on the necessary and sufficient distinction between affinity and consanguinity” (TAYLOR,<br />
op. cit., p. 195). Estas seriam, de fato, as duas características centrais d<strong>os</strong> sistemas<br />
dravidian<strong>os</strong>; um sistema como o aguaruna apenas se tornaria tripartite por causa da relação<br />
hierárquica <strong>entre</strong> consangüinidade e afinidade causada pela inflexão <strong>do</strong> gradiente de distância<br />
na classificação <strong>do</strong> espaço social, sen<strong>do</strong> apenas uma variação de uma estrutura dravidiana de<br />
base.<br />
Resumin<strong>do</strong> a questão, o ponto ao qual Taylor quer chegar é afirmar que,<br />
independentemente da terminologia aguaruna ser “iroquesa”, com cálculo de cruzamento<br />
incompatível com o casamento de prim<strong>os</strong> cruzad<strong>os</strong> bilaterais “reais” (o que sup<strong>os</strong>tamente<br />
seria marca d<strong>os</strong> sistemas dravidian<strong>os</strong>), e p<strong>os</strong>suir term<strong>os</strong> de afinidade que não coincidem com<br />
<strong>os</strong> term<strong>os</strong> para parentes cruzad<strong>os</strong> (outro afastamento em relação ao modelo dravidiano<br />
indiano), o sistema opera exatamente a partir da mesma lógica presente em qualquer sistema<br />
dravidiano. N<strong>os</strong> sistemas dravidian<strong>os</strong> da Índia, se tomadas apenas duas gerações, a<br />
terminologia permite observar sincronicamente a op<strong>os</strong>ição <strong>entre</strong> consangüíne<strong>os</strong> e afins e a<br />
transmissão genealógica da afinidade de uma geração a outra; no caso aguaruna, estas<br />
mesmas características também são observáveis, mas somente se levadas em conta no mínimo<br />
três gerações, e o tempo que a <strong>aliança</strong> leva para ser transmitida é maior, por conta da inflexão<br />
de um gradiente de distância na classificação d<strong>os</strong> parentes (que proíbe o casamento <strong>entre</strong><br />
prim<strong>os</strong> cruzad<strong>os</strong> de primeiro grau, mas autoriza e favorece o casamento de filh<strong>os</strong> de prim<strong>os</strong><br />
cruzad<strong>os</strong> de sexo op<strong>os</strong>to - prim<strong>os</strong> cruzad<strong>os</strong> de segun<strong>do</strong> grau). Nas palavras da autora,<br />
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