Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...
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tipo, evidencian<strong>do</strong> o potencial de dispersão matrimonial de german<strong>os</strong> de mesmo sexo e a<br />
p<strong>os</strong>sibilidade de cristalização de relações assimétricas em gerações consecutivas (Figura 6.8):<br />
G +1<br />
G Ø<br />
prim<strong>os</strong> cruzad<strong>os</strong><br />
Kuju Sani Akujaitsi<br />
Juahika<br />
prim<strong>os</strong> cruzad<strong>os</strong><br />
Ahugagi<br />
Kahune<br />
Apüka<br />
Figura 6.8: <strong>do</strong>is casament<strong>os</strong> com a prima cruzada matrilateral<br />
Ego<br />
Kuikuro<br />
Kamayurá<br />
Matipu<br />
O caso da figura 6.8 é interessante por diversas razões. Em primeiro lugar, ele atesta o<br />
índice de casament<strong>os</strong> matrilaterais que já foi exp<strong>os</strong>to, pois ilustra três cas<strong>os</strong> de uniões<br />
assimétricas. Os três indivídu<strong>os</strong> masculin<strong>os</strong> de G Ø vêem <strong>os</strong> grup<strong>os</strong> de german<strong>os</strong> onde seus<br />
pais tomaram esp<strong>os</strong>as como grup<strong>os</strong> de “<strong>do</strong>a<strong>do</strong>res”, pois cada um re<strong>do</strong>bra a <strong>aliança</strong> de seu<br />
próprio pai, “estabilizan<strong>do</strong>” por duas gerações uma relação <strong>do</strong> tipo “<strong>do</strong>a<strong>do</strong>res e receptores”<br />
<strong>entre</strong> (no mínimo) três grup<strong>os</strong> de german<strong>os</strong>. Outra informação vali<strong>os</strong>a dada por este exemplo<br />
se refere àquilo que comentei há pouco sobre a p<strong>os</strong>sível distinção matrimonial de german<strong>os</strong><br />
de mesmo sexo. Os <strong>do</strong>is filh<strong>os</strong> homens de Kuju se casaram de acor<strong>do</strong> com o modelo<br />
matrilateral: um com a filha <strong>do</strong> primo cruza<strong>do</strong> de sua mãe (=MBD) e outro com a filha de um<br />
primo cruza<strong>do</strong> da atual esp<strong>os</strong>a de seu pai (FWBD). É difícil dizer se sua esp<strong>os</strong>a poderia ser<br />
assimilada de fato a uma MBD, o que, de meu ponto de vista, é men<strong>os</strong> importante <strong>do</strong> que o<br />
modelo assimétrico da relação: um indivíduo homem repetiu a <strong>aliança</strong> de seu pai, e não a de<br />
sua mãe (modelo Ab, matrilateral), de mo<strong>do</strong> que em duas gerações uma parentela funcionou<br />
como “<strong>do</strong>a<strong>do</strong>ra” e outra como receptora.<br />
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