Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...
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“coeficiente de troca generalizada” (LÉVI-STRAUSS, 1976) no sistema, imprimin<strong>do</strong> uma<br />
curvatura assimétrica na organização social.<br />
Mas tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong> sobre <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> da região sugerem a preferência pela troca<br />
restrita, seja através da troca de irmãs, <strong>do</strong> casamento de prim<strong>os</strong> cruzad<strong>os</strong> bilaterais ou <strong>do</strong><br />
casamento com a prima cruzada patrilateral 104 (além da preferência avuncular registrada <strong>entre</strong><br />
<strong>os</strong> chefes kamayurá 105 ).<br />
Amazônia<br />
Segun<strong>do</strong> Viveir<strong>os</strong> de Castro & Fausto (1993, p. 152), <strong>os</strong> sistemas dravidian<strong>os</strong> da<br />
sont associés à un regime local d’échange restreint inclusif (Ekeh 1974) ou d’échange multi-<br />
bilatéral (Geffray 1990), par opp<strong>os</strong>ition aux systèmes globaux d’échange restreint exclusif<br />
(<strong>entre</strong> 2n classes réductibles à 2 super-classes matrimoniales).<br />
Sistemas deste tipo podem ser representad<strong>os</strong> por um esquema de três unidades que se<br />
unem bilateralmente, de tal mo<strong>do</strong> que um alia<strong>do</strong> de um alia<strong>do</strong> seja também um alia<strong>do</strong>. O<br />
esquema elementar de uma troca deste tipo é o casamento com a prima cruzada patrilateral,<br />
pois sistemas de casamento com a FZD podem ser vist<strong>os</strong> como simétric<strong>os</strong> de um ponto de<br />
vista diacrônico (uma mulher <strong>do</strong>ada em uma geração retorna na geração seguinte), mas<br />
irredutíveis a <strong>do</strong>is parceir<strong>os</strong>. Desta forma, <strong>os</strong> sistemas multibilaterais, se não apresentam ao<br />
men<strong>os</strong> uma ideologia patrilateral sobre o casamento de prim<strong>os</strong>, o realizam de fato com<br />
parentes assimilad<strong>os</strong> às categorias de FZD ou, pela redução não-trivial <strong>do</strong> casamento<br />
patrilateral, ZD (casamento avuncular). Mas me vejo obriga<strong>do</strong> aqui a fazer uma ressalva:<br />
discor<strong>do</strong> que sistemas de troca restrita diferida p<strong>os</strong>sam ser vist<strong>os</strong> como sistemas de troca<br />
simétrica, sen<strong>do</strong> na verdade sistemas basead<strong>os</strong> em uma “assimetria men<strong>os</strong> assimétrica”, que<br />
talvez seja men<strong>os</strong> enfática <strong>do</strong> que n<strong>os</strong> sistemas matrilaterais. Pois a assimetria nunca deixa de<br />
existir (vide a hierarquia sogro-genro), e, além disso, o retorno de uma mulher na geração<br />
seguinte é apenas potencial, poden<strong>do</strong> não ocorrer (oferecen<strong>do</strong> <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong> “risc<strong>os</strong>” que trocas<br />
assimétricas <strong>do</strong> tipo matrilateral).<br />
104 Caracteriza<strong>do</strong> como troca restrita diferida.<br />
105 Cf. GALVÃO, op. cit.; OBERG, op. cit..<br />
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