Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...
Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...
Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
classificações 74 , e uma das primeiras conseqüências lógicas deste fato é a grande variabilidade<br />
das classificações de parentesco. Portanto, para que seja p<strong>os</strong>sível descrever cas<strong>os</strong> empíric<strong>os</strong><br />
de <strong>aliança</strong> matrimonial e ter acesso, a partir deles, ao modelo estrutural subjacente, é<br />
fundamental que as diversas p<strong>os</strong>sibilidades virtuais de classificação d<strong>os</strong> parentes sejam bem<br />
descritas e compreendidas, o que é a intenção deste capítulo.<br />
O primeiro registro da terminologia de parentesco kalapalo foi feito por Kalervo<br />
Oberg (op. cit.) em 1948, junto a<strong>os</strong> kalapalo que visitavam a Base <strong>do</strong> Jacaré 75 (por causa da<br />
presença d<strong>os</strong> irmã<strong>os</strong> Villas Boas no local). Assim como para <strong>os</strong> Kamayurá (seus principais<br />
informantes, d<strong>entre</strong> <strong>os</strong> quais levantou dad<strong>os</strong> tanto na Base <strong>do</strong> Jacaré quanto na antiga aldeia<br />
Twatwari), Oberg classificou a terminologia kalapalo como sen<strong>do</strong> <strong>do</strong> tipo “fusão bifurcada”,<br />
por apresentar term<strong>os</strong> diferentes para parentes paralel<strong>os</strong> e cruzad<strong>os</strong> nas três gerações centrais<br />
(G +1 , G Ø e G -1 ). Entretanto, a maior parte da terminologia está incorreta, pois vári<strong>os</strong> term<strong>os</strong><br />
eram desconhecid<strong>os</strong> para o autor e, d<strong>os</strong> pouc<strong>os</strong> conhecid<strong>os</strong>, alguns estão trocad<strong>os</strong> (como <strong>os</strong><br />
term<strong>os</strong> para “primo cruza<strong>do</strong>” no lugar de “sobrinha”, e “irmão mais novo” no lugar de “prima<br />
cruzada”), de mo<strong>do</strong> que as informações publicadas por Oberg não têm muito valor<br />
etnográfico para este trabalho.<br />
Após Oberg, somente Basso (1969, 1973) levantou este tipo de informação, no final<br />
d<strong>os</strong> an<strong>os</strong> 1960, obten<strong>do</strong> um tipo de terminologia que distinguia <strong>entre</strong> parentes paralel<strong>os</strong> e<br />
cruzad<strong>os</strong>, mas que, mais <strong>do</strong> que isso, teria simultaneamente traç<strong>os</strong> “havaian<strong>os</strong>” (por<br />
consangüinizar tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> parentes em G Ø ) e “dravidian<strong>os</strong>” (por identificar, no plano d<strong>os</strong><br />
vocativ<strong>os</strong>, o irmão da mãe e a irmã <strong>do</strong> pai a “sogro” e “sogra”). A tabela geral apresentada por<br />
Basso é a seguinte:<br />
G +2 : isawpuaw (categoria englobante); isawpïgï (h) / initsu (m)<br />
G +1 : otomo (categoria englobante); isuwï (F), isi (M); <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res de esp<strong>os</strong><strong>os</strong>: ijogu<br />
(MB), itsïgï (FZ)<br />
G Ø : ifisuandaw (categoria englobante); ifandaw (afins potenciais, MBCh e FZCh);<br />
ifisuandaw, ifisuandaw ekugu, ifisuandaw otohongo (h), iñadzu (m)<br />
G -1 : ijimo (categoria englobante); mukugu (h, h.f.) or enugu (h, m.f.), ihati (ZD<br />
[h.f.] ou BD [m.f.]), ihatuwï (ZS [h.f] ou BS [m.f.])<br />
G -2 : ifijaw<br />
74 O que é comum também em outras regiões da América <strong>do</strong> Sul (cf. TAYLOR, op. cit.).<br />
75 Uma antiga base da Força Aérea Brasileira que funcionava no PIX à época.<br />
57