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Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...

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Com a publicação <strong>do</strong> trabalho de Galvão (realiza<strong>do</strong> em 1947 e 1950), praticamente<br />

contemporâneo ao de Oberg, surgem dad<strong>os</strong> que a princípio estariam em contradição com a<br />

classificação das terminologias xinguanas como sen<strong>do</strong> de fusão bifurcada. Galvão também<br />

li<strong>do</strong>u sobretu<strong>do</strong> com dad<strong>os</strong> de origem kamayurá (obtid<strong>os</strong> <strong>entre</strong> <strong>os</strong> Kamayurá da aldeia Ipatse),<br />

além de informações sobre <strong>os</strong> Aweti e <strong>os</strong> Trumai. O autor não apresentou quadr<strong>os</strong><br />

terminológic<strong>os</strong> para cada etnia <strong>entre</strong> a qual pôde levantar dad<strong>os</strong>, mas apenas um quadro geral<br />

que sup<strong>os</strong>tamente seria idêntico para todas, no qual aparece pela primeira vez na literatura a<br />

existência de uma “deriva havaiana” em G Ø , que faria com que <strong>os</strong> prim<strong>os</strong> cruzad<strong>os</strong> de Ego<br />

f<strong>os</strong>sem classificad<strong>os</strong> como seus “irmã<strong>os</strong>” (ver Figura 4.2).<br />

Figura 4.2: representação em diagrama genealógico da terminologia de parentesco xinguana tal como descrita<br />

por Galvão (op. cit.), com cruzamento em G +1 mas com classificação geracional em G Ø<br />

Note-se que somente em G Ø não haveria nenhuma distinção <strong>entre</strong> parentes paralel<strong>os</strong> e<br />

cruzad<strong>os</strong> (lembran<strong>do</strong> uma terminologia <strong>do</strong> tipo “havaiano”), enquanto G +1 conservaria as<br />

classificações cruzadas. Entretanto, isto não pareceu um para<strong>do</strong>xo para o autor em relação ao<br />

que acabara de ser publica<strong>do</strong> por Oberg, pois em momento algum Galvão viu qualquer<br />

incompatibilidade <strong>entre</strong> uma terminologia geracional e um sistema de casament<strong>os</strong> de prim<strong>os</strong><br />

(já que em um sistema deste tipo <strong>os</strong> prim<strong>os</strong> cruzad<strong>os</strong> são assimilad<strong>os</strong> e “irmã<strong>os</strong>”); apesar da<br />

raridade registrada pelo autor destas uniões, elas estariam presentes em tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> grup<strong>os</strong><br />

xinguan<strong>os</strong> e só seriam p<strong>os</strong>síveis porque, apesar d<strong>os</strong> prim<strong>os</strong> cruzad<strong>os</strong> serem classificad<strong>os</strong><br />

terminologicamente como “irmã<strong>os</strong>”, o cruzamento da geração anterior seria “reconheci<strong>do</strong>”<br />

pel<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong> e tornaria o casamento p<strong>os</strong>sível (como se <strong>os</strong> xinguan<strong>os</strong> admitissem que,<br />

apesar de utilizarem uma terminologia geracional em G Ø , “o correto” seria cruzar <strong>os</strong> parentes,<br />

hipótese dubitável não só por tentar explicar a coexistência de formas distintas de<br />

classificação a partir de um tipo de “psicologismo”, mas sobretu<strong>do</strong> por ignorar que sua<br />

coexistência deveria ter tanto explicações quanto conseqüências sociológicas). Não parecia<br />

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