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Parentesco e aliança entre os Kalapalo do Alto Xingu - Comunidade ...

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4 OS MODELOS<br />

A terminologia de parentesco kalapalo apresenta a grande maioria das características<br />

compartilhadas pelas terminologias d<strong>os</strong> demais pov<strong>os</strong> <strong>do</strong> <strong>Alto</strong> <strong>Xingu</strong>. Classificação simétrica<br />

com bifurcação nas três gerações centrais, uma “deriva havaiana” em G Ø , vocativ<strong>os</strong> para<br />

“sogro” e “sogra” que coincidem com <strong>os</strong> term<strong>os</strong> para MB e FZ (sugerin<strong>do</strong> semelhanças com<br />

<strong>os</strong> sistemas dravidian<strong>os</strong>, como já haviam indica<strong>do</strong> Basso 84 e Gregor 85 ), cálcul<strong>os</strong> “iroqueses”<br />

de cruzamento e term<strong>os</strong> específic<strong>os</strong> para afins. Este capítulo trata especificamente de algumas<br />

tentativas de interpretação das terminologias xinguanas em suas relações com o sistema<br />

matrimonial, retoman<strong>do</strong> o que já foi discuti<strong>do</strong> sobre <strong>aliança</strong> <strong>entre</strong> <strong>os</strong> pov<strong>os</strong> da região. A partir<br />

das discussões em torno da coexistência de uma terminologia bifurcada de tipo “iroquesa”<br />

com uma terminologia <strong>do</strong> tipo “havaiana” na geração de Ego, fato que se tornou um<br />

“para<strong>do</strong>xo” após a publicação d<strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong> de Oberg (op. cit.) e Galvão (op. cit.), entrarei nas<br />

discussões sobre as relações <strong>entre</strong> este para<strong>do</strong>xo e o processo de produção da afinidade, para<br />

que se p<strong>os</strong>sa chegar ao modelo mais recente de interpretação <strong>do</strong> parentesco alto-xinguano –<br />

como sen<strong>do</strong> uma “variante rica” de sistema dravidiano. Percorri<strong>do</strong> este caminho teórico,<br />

retomarei as hipóteses atuais sobre a <strong>aliança</strong> <strong>entre</strong> <strong>os</strong> grup<strong>os</strong> xinguan<strong>os</strong> e levantarei as<br />

questões a serem discutidas n<strong>os</strong> capítul<strong>os</strong> seguintes a partir <strong>do</strong> material etnográfico coleta<strong>do</strong>.<br />

4.1 Os primeir<strong>os</strong> model<strong>os</strong> e o “para<strong>do</strong>xo havaiano-iroquês”<br />

A etnologia <strong>do</strong> <strong>Alto</strong> <strong>Xingu</strong> contou com várias tentativas de explicação das<br />

terminologias e d<strong>os</strong> sistemas de <strong>aliança</strong> d<strong>os</strong> pov<strong>os</strong> da região, algumas presas a model<strong>os</strong><br />

“dualistas” (que forçavam a interpretação d<strong>os</strong> sistemas a partir da existência de divisões duais<br />

atuais ou passadas das sociedades 86 ), outras preocupadas em oferecer soluções mais<br />

sofisticadas, porém atreladas a dad<strong>os</strong> exteriores ao próprio parentesco (como a especulação<br />

84 Cf. BASSO (1969, 1975).<br />

85 Cf. GREGOR (1977).<br />

86 Cf. DOLE (1983); OBERG (op. cit.); ZARUR (op. cit.)<br />

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